Por: Alexandre Caldini

autor do livro "Networking versus Notworking"

Por: Alexandre Caldini

autor do livro "Networking versus Notworking"

6 fevereiro, 2020 • 8:00

Tudo na vida é troca. Casamento é troca de afeto, segurança, sexo, autoestima e apoio. Na paternidade e na filiação trocamos cuidados, consideração, proteção, orientação e amparo. Trabalho é troca de talento e esforço por remuneração. Educação é troca de empenho por sabedoria. Religião é troca de fidelidade – e, em alguns casos, de uma boa grana – por reconforto. Networking também é troca. E é aí que mora a dúvida: Networking é ético?

O problema

Muita gente torce o nariz quando se fala nesse assunto porque acha que Networking é algo não ético. Entendem ser Networking um jogo de interesses, embrulhado em bajulação e adornado com um laço de falsidade. Esses que assim o entendem não estão de todo errados. É que de fato tem muita gente que usa os relacionamentos apenas para se promover na vida.  Repare no verbo: usam o relacionamento.

Esses lançam mão de charme, sedução, falsos risos e elogios planejados. Ali, falta sinceridade e sobra interesse. Essas pessoas são como polvos quando saem à caça: mudam de cor de acordo com o ambiente, lançam tentáculos cheios de ventosas, soltam suas tintas para turvar a visão de suas vítimas e finalmente usam seu poderoso bico que até então estava bem escondido. São os interesseiros, os dissimulados, os egoístas e os aproveitadores.

A esse jogo desleal, erroneamente, alguns chamam de Networking. Não admira muita gente bata no peito e se orgulhe ao dizer não saber/não gostar/não querer fazer Networking. Só que isso não é Networking.

A solução

Mas se Networking não é um aproveitar-se do relacionamento com o outro, o que é então? Networking é uma relação de troca, e como toda relação de troca pressupõe… troca! Trocar é diferente de aproveitar-se de modo egoísta e unilateral. Trocar é aproveitar-se, mas em via de duas mãos. É dar e receber. E é importante que seja assim, nessa ordem: dar e receber.

Networking vai muito além de apenas aproveitar-se dos relacionamentos, do poder e da influência do outro. É relacionar-se com o outro pelo prazer do relacionamento em si. É aproveitar-se, sim, mas do calor da amizade, da oportunidade de conversa, do aconselhamento, da fraternidade e do crescimento em sabedoria que vem do convívio com o outro. É também – e mais importante –, oferecer-se de modo amplo e desinteressado ao outro. É querer e agir pelo bem do outro. Informar. Esclarecer. Doar-se. Ajudar. Apoiar. Ouvir mais que falar. Estar e ser, pelo outro.

Networking é relacionar-se com todos, todos mesmo, independentemente da posição social, hierárquica, de poder ou de riqueza que ocupem. E vale atenção neste verbo: ocupar. Toda ocupação é temporária e não definitiva. Poderosos perdem seu poder. Ricos perdem suas fortunas. Chefes são demitidos. Pessoas morrem. Então, não fosse porque é o correto, é o bem e é educado; também por inteligência, deveríamos nos relacionar e cuidar com esmero de nosso relacionamento com todos.

Todos – repito, todos – merecem nossa consideração, nossa atenção e nosso carinho. E nós merecemos a riqueza de conviver com a diversidade humana. Podemos e devemos aprender com todos. Cada pessoa e cada situação nos ensina, nos forja, nos molda. Isso é viver e crescer. E é um tremendo ganho!

Então, sim, Networking também é troca. E tudo certo que assim seja! Mas Networking é uma troca ética, pautada no bem do outro e da relação. No Networking ofertamos respeito, afeto, apoio e genuíno interesse. E se ofertamos tudo isso, se em uma palavra ofertamos fraternidade, o que receberemos em troca? Receberemos de volta o mesmo: fraternidade.

Quando mantemos uma relação contínua, cuidada, ética e pautada no bem do outro e da relação, é apenas lógico que recebamos o mesmo de volta. O outro, sentindo-se, ou melhor, sendo amado e respeitado, ofertará de volta sua gratidão em forma de amor e respeito também. Numa relação dessa qualidade, onde ninguém está tentando tirar vantagem do outro, mas ao contrário, ajudar ao outro, impera a confiança e o amor. É então natural que, quando um dos dois precise de algo, o outro se empenhe em auxiliá-lo.

Esqueça seu preconceito com o conceito de Networking. Compreenda a grandeza e a beleza do Networking ético e genuíno. Viva tudo que relacionamentos saudáveis trazem a você, aos que convivem com você e, por que não, a toda a humanidade. Aproveite sem culpa!

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5 Comentários

  • Postado por: Katya Vietta •

    Ética e respeito são questões fundamentais em qualquer tipo de troca. No networking, como em muitas outras coisas da vida, a questão não está exatamente no que se faz, mas em como se faz.

  • Postado por: Renato Gonçalves Bonoto •

    Texto de grande valia, realmente já vivenciei algumas situações mencionadas no texto, e, com toda a certeza, o interesse genuíno no outro traz apoio recíproco e trocas significativas.

  • Postado por: Ju De Mari •

    Adorei o texto e a abordagem compassiva para as redes e suas relações! Dar e receber – atenção, amizade, afinidades – e aí, por que não?, conselhos, contatos e indicações. Reciprocidade genuína gera um tipo de valor muito humano e muito útil.

  • Postado por: CRISTIANO Amorim •

    Sensacional

  • Postado por: Sandra Regina Storani •

    Amei o comentário, pelo fato de apontar como a maioria dos nossos conceitos estão distorcidos e com isso o errado passa a ser correto porque a maioria pratica, quando o certo é o certo e não importa o número de pessoas que acreditem nisso. Importa o que eu faço, porque eu estou vendo e mais ninguém.

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