Por: Daniela Diniz

Diretora de Conteúdo e Relações Institucionais

Por: Daniela Diniz

Diretora de Conteúdo e Relações Institucionais

24 março, 2021 • 6:12

Pode até parecer mais uma moda corporativa, mas não é. A sigla que mais apareceu no meio empresarial no ano passado – ESG – não é recente, afinal, os temas envolvendo critérios ambientais (E), sociais (S) e de governança corporativa (G) são discutidos há mais de 20 anos entre executivos, empresários, especialistas e organizações não governamentais.

Mas foi em 2019 e, principalmente, no ano passado que essas letrinhas estouraram, provocando uma reorganização nos princípios e prioridades de muitas companhias. Só como exemplo de como esse tema ganhou força vou citar alguns números: segundo dados da Morningstar, o patrimônio de fundos com viés ESG no mundo é de 1 trilhão de dólares; a PwC, por sua vez, projeta um patrimônio de 4,3 trilhões de dólares até 2030, e a XP Investimentos calcula 30 trilhões de dólares referente à quantidade de ativos relacionados direta ou indiretamente com alguma estratégia sustentável.

No Brasil, os 20 fundos existentes somam já 1 bilhão de reais, de acordo com a Ambima.* O motivo de tamanha movimentação e volume sobre o tema é simples: sobrevivência. Sem uma estratégia que envolva esses critérios a sociedade não irá resistir. Trata-se, portanto, de preservar o caixa das empresas, o destino das pessoas e o futuro do planeta – um tripé que o Great Place to Work reforça há tempos entre todos os seus stakeholders: ser uma boa empresa para trabalhar faz bem para os negócios, para as pessoas e para a sociedade.

Para começar, queremos chamar atenção para a segunda letra, o “S”, um dos pilares da sigla no qual somos referência há 25 anos (o outro tem a ver com a letra G). Segundo alguns especialistas, o S tem se mostrado a letra mais frágil da sigla no Brasil. Referente às atitudes, ações e comportamentos adotados para e com funcionários, fornecedores, clientes, comunidade e sociedade, em geral, o aspecto social acaba ficando, muitas vezes, em segundo plano dividido entre os departamentos de RH, comunicação, sustentabilidade e marketing, sem força para subir para uma pauta verdadeiramente estratégica como as questões ligadas aos impactos ambientais e de governança.

A letra “G”, por outro lado, talvez seja mais popular desde que as conversas sobre compliance e proteção de dados se tornaram mais intensas nos últimos anos. Ainda assim, o conceito não se resume a isso. Também diz respeito aos modelos de gestão, tema acompanhado de perto pelo GPTW diretamente nos clientes e no relacionamento com o mercado. E para que a agenda ESG prospere na organização as três letras precisam estar em pé de igualdade na estratégia corporativa. Afinal, ESG é uma cultura que deve permear toda empresa e não apenas um conjunto de práticas em que você dá mais ou menos peso de acordo com a circunstância e/ou orçamento.

Embora não haja um selo ou um certificado com escopo abrangente o suficiente para capturar todos os pilares do ESG de forma simultânea e integrada à estrutura, como explicou Vinicius Picanço Rodrigues, professor nas áreas de Sustentabilidade e Operações no Insper no infográfico As dúvidas mais comuns sobre ESG, as empresas (e o mercado financeiro e de capitais) podem reconhecer algumas certificações e selos já existentes no mercado como um sinal de métricas alinhadas aos critérios ESG.


E dentre esses selos está a certificação Great Place to Work, que reconhece, com base na nossa metodologia presente em mais de 90 países, empresas como excelentes ambientes para trabalhar. Atualmente, temos no Brasil 1 500 empresas certificadas, avaliamos mais de 117 mil práticas relacionadas à gestão de pessoas e ouvimos mais de 2 milhões de funcionários. E é com base na percepção desses funcionários e na análise dessas práticas que chegamos ao ranking das Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil. Essa chancela nos permitiu selar, no ano passado, uma parceria com a B3 para a criação de um índice que irá reunir todas as empresas certificadas GPTW que possuem ativos negociados na B3.

Há muitos anos, já vínhamos observando um desempenho financeiro diferenciado no grupo que integra as melhores empresas para trabalhar no Brasil. No ano passado, por exemplo, as 150 Melhores tiveram um aumento de 9,3% no seu faturamento, em relação ao ano anterior, enquanto o PIB do país cresceu pífio 1,1%. O Índice GPTW/B3, portanto, simboliza mais um passo para incentivar empresas a investirem na gestão de pessoas, sinalizando para os investidores quem está à frente nos critérios ligados às práticas sociais que envolvem relações de trabalho, engajamento dos funcionários, treinamento da força de trabalho, direitos humanos, relações com comunidades, segurança e diversidade, algumas das questões abordadas na metodologia do Great Place to Work.

Ao ser reconhecida como uma empresa que preza pelos critérios ESG, você automaticamente eleva sua reputação e imagem, atraindo profissionais talentosos que buscam ambientes preocupados com a sustentabilidade (e há várias pesquisas indicando que a Geração Z é mais propensa a esse tema que as anteriores). Atrai também investidores que passam a confiar mais no negócio, mantendo seus dividendos por mais tempo e, de quebra, pode obter vantagens financeiras, já que o mercado oferece linhas de crédito diferenciadas para que as empresas sigam investindo em práticas sustentáveis. Mais do que isso, porém, você será um verdadeiro agente de transformação, ampliando seu impacto e gerando valor para todos os envolvidos. No final, quem ganha somos todos nós: os negócios, as pessoas e a sociedade.

*Fonte: Sustentabilidade e o Efeito Bola de Neve, HSM Management nº 143.

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