O estágio é uma etapa importante para o desenvolvimento dos novos profissionais. Essa é uma fase de aprendizado e de colocar em prática todo o conhecimento acadêmico desenvolvido em sua formação. No entanto, ainda existe um grande gargalo nesse sentido entre as empresas brasileiras.
De acordo com estatísticas da Associação Brasileira de Estágios (Abres), dos 8,4 milhões de estudantes no ensino superior, apenas 686 mil fazem estágios. Isso significa que apenas 8,12% dos profissionais sendo formados têm a chance de efetivamente colocar em prática e aprender com quem já está no mercado de trabalho.
Entre os fatos que ajudam a justificar essa baixa, estão questões como o baixo nível de experiência — o que é naturalmente esperado para quem busca um estágio. Porém, muitas empresas criam barreiras nesse sentido, o que faz com que diversos estudantes não possam aproveitar ao máximo a formação.
Em vez disso, o ideal é formatar programas de estágio para contratar os talentos em desenvolvimento — e que sonham com a primeira oportunidade no mercado de trabalho. Para isso, é preciso que a liderança esteja envolvida e também que haja uma preocupação com o protagonismo quanto ao desenvolvimento das pessoas estagiárias.
A seguir, você entenderá qual é a relação entre estágio, protagonismo de carreira e liderança e como estimular esses conceitos em seu cotidiano!
Por que muitas empresas evitam talentos sem experiência?
Para entender melhor esse panorama, é preciso saber que, em muitos casos, as empresas buscam desculpas ou justificativas para deixarem de lado a contratação de pessoas com menos experiência. Entre os motivos apresentados, estão a falta de tempo para treinamentos de equipe ou a necessidade de contar com talentos que já saibam lidar com determinadas demandas.
Nesse sentido, é bastante comum ver exigências desproporcionais, mesmo para estagiários. É o caso de demandas rigorosas, como fluência em idiomas que não serão usados no cotidiano, vivências no exterior ou mesmo experiência prévia.
Porém, é preciso lidar com essa questão para não perder bons talentos que querem entrar na empresa, mas que têm as portas fechadas por um processo extremamente rígido. Nesse caso, o ideal é buscar o equilíbrio na seleção, de modo a identificar bons profissionais, mesmo que não atendam a uma lista extensa de requisitos.
Para os estágios, principalmente, pode ser interessante focar em habilidades comportamentais (soft skills). Considerando que essa é a primeira ou uma das primeiras experiências no mercado de trabalho, é comum encontrar talentos com muita vontade de aprender e de participar da empresa com engajamento.
Case de sucesso
Para mostrar que isso é possível, conversamos com Maria Carolina, de 21 anos. Ela é estudante do sexto semestre de Psicologia na Universidade Unipaulistana e é estagiária da Youleader Brasil, especialista no desenvolvimento de lideranças.
Na Youleader, Maria Carolina faz parte da gestão de projetos, sendo responsável pela logística e também atuando como gestora de projetos de pequeno porte. Sobre a experiência que tem observado na empresa, ela é categórica:
“Já conhecia a empresa há alguns anos, através de um parente. A experiência tem sido enriquecedora, o aprendizado é constante e sempre tem novos desafios, mas com certeza o grande diferencial é a confiança de todos, que gera autonomia nas minhas tarefas e a abertura da equipe”, comenta.
Sua chegada ocorreu quando ela tinha 20 anos e, desde então, ela sente que já teve a oportunidade de se desenvolver em diversos aspectos.
“Para além das minhas atividades, o que mais aprendi é a correr riscos e não esperar que alguém me peça para fazer algo, ter protagonismo e proatividade nas ‘pequenas’ ações. Outro ponto importante é saber falar quando algo não está legal, o ‘óbvio’ só existe na nossa cabeça”, conta Maria Carolina.
E, para os novos estagiários, Maria Carolina usa sua experiência para dar dicas na chegada ao mercado de trabalho.
“A primeira é ser uma pessoa proativa, assim o seu aprendizado será ainda maior. A segunda é trazer ideias novas. Pela imaturidade, podemos achar que nossas ideias são ‘bobas’, quando, na verdade, podem ajudar. A terceira é pedir feedback, pois assim você consegue alinhar todos os pontos’, define.
Qual é a importância da flexibilidade no trabalho em programas de estágio?
Às lideranças, não basta estimular e ajudar a formatar programas de estágio na empresa. Também é importante ter atenção com as demandas específicas desses profissionais. Nesse sentido, um dos pontos mais relevantes está relacionado à flexibilidade no trabalho — em especial, em relação aos horários.
Isso se deve ao fato de a agenda do estagiário ser diferenciada: a carga horária é menor (por volta de 6 horas diárias) e ele divide o tempo com aulas, trabalhos acadêmicos e avaliações.
Por isso, é importante entender as necessidades de formação desse talento e, principalmente, incentivar o desenvolvimento acadêmico e profissional.
Nesse sentido, pode ser interessante oferecer maior flexibilidade para entrada e saída no trabalho, de acordo com horários de aulas e outras atividades.
Também costuma ser interessante coordenar demandas e atividades com os interesses e o momento de aprendizado de quem estagia. Assim, a pessoa estagiária tem a chance de usar o trabalho como mais um ambiente de aprendizado e desenvolvimento.
Como lidar com a nova geração no trabalho?
Ao pensar na relação entre estágio, protagonismo e liderança, também é necessário considerar os aspectos geracionais. Afinal, é comum que pessoas estagiárias sejam mais novas que os talentos que já estão na empresa. Com isso, é preciso pensar em como garantir a integração e sinergia, mesmo com visões diferentes.
Para lidar com eventuais conflitos de geração, é essencial começar fortalecendo a cultura da empresa. Assim, todos podem falar uma linguagem em comum, independentemente do nível de experiência ou das percepções profissionais.
Também é necessário fortalecer o diálogo e abrir canais de comunicação. Criar oportunidades de interação entre diferentes níveis e gerações pode fazer com que os talentos se desenvolvam de forma ainda mais intensa.
Além disso, vale considerar a oferta de oportunidades para o crescimento de quem é novato no mercado.
Um dos exemplos é a Haline, de 35 anos. Ela é formada em Economia e, atualmente, é diretora regional do GPTW. Porém, ela começou na empresa como estagiária na área de ranking, quando ainda tinha 17 anos. Depois de 2 anos, ela foi efetivada.
Como ela mesma conta, suas primeiras experiências foram bem informais, ainda aos 14 anos, para pagar contas.
“Fui professora de datilografia por um tempo, depois trabalhei de forma autônoma, fabricando e vendendo chocolates e bijuterias. Aos 17 anos, entrei na faculdade e 2 meses depois, comecei no GPTW”, relembra.
Desde o começo do processo seletivo, ela quis aproveitar essa oportunidade ao máximo.
“Encontrei a vaga no mural da faculdade e mandei meu CV. Fui chamada para uma dinâmica em grupo e, quando me falaram o nome da empresa (Great Place to Work) até achei que era alguma brincadeira. E não era brincadeira, era real mesmo! Eu adorei estar ali naquele ambiente desde a primeira vez. Estava fazendo outras dinâmicas e entrevistas, mas estava torcendo mais para essa no GPTW dar certo e deu!”, conta Haline.
Desde então, ela se desenvolveu amplamente e alcançou um cargo de liderança — e continua em pleno desenvolvimento.
“Aprendo muito todos os dias, desde que entrei aqui! O que sempre valorizei muito foi a relação de confiança, o que sempre me ajudou a trabalhar com muita autonomia e entregar o meu melhor”, finaliza.
Conclusão
Como foi possível notar, os programas de estágio são essenciais para os profissionais em formação e novos talentos no mercado. Essa é uma chance de desenvolver habilidades e conhecimentos que poderão ser essenciais em toda a trajetória. Além disso, a empresa pode se beneficiar, com a chance de treinar talentos desde o começo de sua jornada. Com autonomia e um papel efetivo da liderança, empresas e jovens profissionais podem criar e aproveitar novas oportunidades!
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