Por: Carolina Pimentel

Diretora e Fundadora da Geração Social - Uma empresa do Ecossistema GPTW

Por: Carolina Pimentel

Diretora e Fundadora da Geração Social - Uma empresa do Ecossistema GPTW

3 maio, 2022 • 9:47

A jornada de uma organização rumo à sustentabilidade é longa, mas gera muitos frutos. Para uma empresa ser considerada sustentável, existem etapas importantes tanto para aquelas que já iniciaram sua jornada, quanto para as que ainda estão dando seus primeiros passos.

Uma dessas etapas é a materialidade. A organização que deseja ser mais sustentável e praticar o ESG (ambiental, social e governança) deve considerar o processo de materialidade como uma etapa essencial.

Neste artigo, vamos explicar o que é essa etapa e como ela faz total diferença para as empresas.

O que é materialidade?

Material é tudo aquilo que é relevante do ponto de vista da empresa e de todas as suas partes interessadas (stakeholders): colaboradores, clientes, consumidores, fornecedores, ONGs, entre outros.

A visão unilateral de uma empresa é enviesada por diversos fatores; por isso, é necessário que o processo de materialidade seja realizado sempre levando em consideração dois eixos: os temas de interesse dos stakeholders versus o impacto dos temas para com o negócio.

O GRI (Global Reporting Initiative), uma das metodologias de sustentabilidade mais reconhecidas por investidores, traz em suas diretrizes o requisito de as empresas explicarem como fizeram seu processo de materialidade, apresentando os planos de engajamento relacionados a suas partes interessadas e seus temas materiais.

Dependendo de fatores sociais, econômicos, ambientais, políticos e geográficos, cada stakeholder vai considerar um tema mais importante do que outro. Por exemplo, para colaboradores, atualmente os assuntos mais relevantes podem ser práticas trabalhistas, negociação sindical, diversidade, liderança, políticas de remuneração, benefícios, entre outros. 

Já para a comunidade local, pode ser mais interessante saber como esse negócio impacta no trânsito, na geração de empregos, na poluição, no barulho, além da reputação dessa organização no seu setor.

Assim, para cada parte interessada haverá um interesse específico. A materialidade vai compreender quais desses temas, que são mais relevantes para os stakeholders, terão grande impacto no negócio.

Outro ponto importante é que a materialidade requer uma atualização periódica, chamada tempestividade, considerando que o contexto socioambiental e político influenciam muito no interesse dos stakeholders e que, por isso, mudam de tempos em tempos.

E como é a materialidade, na prática?

O jeito mais comum e visual para identificar e comunicar quais são os temas materiais de uma organização é através da matriz de materialidade, um gráfico com dois eixos que cruzam os temas mais relevantes para as partes interessadas e aqueles que são mais impactantes para a empresa.

Para construir essa matriz, é necessário identificar as partes interessadas; avaliar quais delas devem ser priorizadas; consultar e engajar esses grupos priorizados; além de realizar uma análise sobre quais temas podem ser impactantes para a empresa considerando o setor em que a empresa está inserida.

Um exemplo de como a materialidade atua na estratégia

Imagine uma empresa de delivery, cujo consumidor seja o usuário do serviço. Esse negócio utiliza o transporte (motoristas de moto, carro e/ou caminhão) como principal ferramenta, já que suas entregas dependem disso. 

Durante a identificação dos tópicos materiais dessa empresa, seria possível compreender de forma muito clara que esse transporte, tão essencial para o serviço, causaria muito impacto no meio ambiente, já que todas as vezes que os entregadores fazem seu trabalho, os veículos utilizados emitem gás carbônico (CO2).

Nos questionários com os stakeholders, muito provavelmente a empresa constataria que atualmente a responsabilidade ambiental é uma preocupação cada vez maior dos consumidores. A estratégia climática, nesse caso, seria um tópico material para essa empresa, pois o serviço impacta diretamente o meio ambiente e essa seria uma questão importante para seus clientes. 

Sabendo disso, a empresa poderia incluir em sua estratégia algumas ações para diminuir ou reverter esse impacto, como a compensação de carbono, fazendo parcerias com empresas especializadas no plantio e manutenção de árvores, ou também através do incentivo ao uso de bicicletas e meios de transporte elétricos.

Ao realizar essas ações, a empresa estaria sendo mais sustentável, visando um meio ambiente mais saudável e duradouro, além de ter um diferencial competitivo em relação a seus concorrentes, influenciando todo o setor a entrar na mesma missão.

Por que a minha empresa deve passar por esse processo?

Conforme vimos no exemplo acima, a materialidade é importante para toda a estratégia do negócio. Além disso, esse processo é essencial para a construção do relatório de sustentabilidade seguindo as diretrizes GRI, ou que vise apresentar uma visão mais abrangente, imparcial e com maior grau de credibilidade em relação à empresa.

Falando especificamente de sustentabilidade e ESG, podemos citar três metodologias que utilizam a materialidade como critério relevante:

1. GRI

    Como citado no começo do artigo, a Global Reporting Initiative exige a explicação de como foi construída a materialidade da empresa, apresentando os temas materiais, os planos e os resultados de cada um deles.

    2. ISE B3

      Quando o assunto é investimento, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 inclui a seleção dos temas materiais no início de seu processo seletivo, sendo obrigatório que a organização já tenha identificado o que seus stakeholders mais se interessam e o que causa mais impacto para a empresa.

      3. SASB

        A Sustainability Accounting Standards Board é uma iniciativa que serve para a padronização e consulta de indicadores ESG no mundo. A organização possui uma ferramenta específica para a identificação dos temas materiais, levando em consideração inclusive quais temas são mais relevantes para os investidores.

        Uma organização que deseja comunicar sua atuação ESG deverá passar por alguma dessas metodologias. Um processo de materialidade bem feito vai garantir que os relatórios de sustentabilidade da empresa vão conter os assuntos mais relevantes para os stakeholders e para a organização.

        Outro ponto importante é que a materialidade também é muito relevante para prever crises, realizando uma gestão dos riscos de cada área. Se, por exemplo, uma empresa estiver com uma reputação baixa em algum dos tópicos materiais identificados, é de extrema importância que ela:

        • realize uma análise sobre esse tópico;
        • comunique que está ciente desse problema;
        • e apresente em seu relatório de sustentabilidade quais são seus planos e metas para o futuro.

        Prevenir é melhor que remediar

        Assim como o Great Place to Work avalia boas práticas das empresas e estimula o desenvolvimento sempre pensando no que é melhor para as pessoas, para os negócios e para o mundo, as práticas ESG servem para que as organizações sejam bons exemplos, com uma atuação responsável para com o planeta e sociedade. Isso se reflete em resultados cada vez melhores, além de movimentar o setor em que a empresa está.

        Neste artigo, conseguimos observar como a materialidade pode ser extremamente relevante para as organizações que querem crescer de modo sustentável, além de ser uma etapa obrigatória para a construção e comunicação de sua estratégia sustentável com credibilidade.

        Nós, da Geração Social, consultoria especializada em início de jornada ESG, do ecossistema Great People e GPTW, estamos à disposição para auxiliar sua empresa nesse processo. Se precisar de ajuda, conte com a gente!

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