
Lazy job é uma das respostas mais marcantes da geração Z à busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Ao ingressarem no mercado de trabalho com novas prioridades, esses jovens passaram a questionar modelos tradicionais baseados em longas jornadas, alta pressão e constante disponibilidade.
Diferente das gerações anteriores, eles valorizam empregos que respeitam seus limites, oferecem flexibilidade e permitem conciliar carreira com saúde mental, lazer e desenvolvimento pessoal.
Essa mudança de comportamento tem exigido uma reavaliação por parte dos profissionais de RH, que precisam adaptar práticas de gestão, cultura organizacional e estratégias de retenção.
A seguir, entenda melhor sobre este novo movimento do mercado!
O que é lazy job?
O conceito do lazy job descreve um tipo de função que oferece retorno financeiro satisfatório, exige habilidades operacionais ou técnicas de média complexidade, e apresenta baixa carga de estresse, sendo geralmente desempenhada com maior autonomia e flexibilidade.
É importante destacar que o termo não implica falta de produtividade ou comprometimento, mas sim uma ruptura com a ideia de que bons profissionais precisam estar em constante esforço, pressão e disponibilidade.
Do ponto de vista da gestão de pessoas, o lazy job também revela um movimento de valorização da saúde mental, da segurança psicológica e da transparência nas relações de trabalho.
Aqui, a priorização por jornadas mais previsíveis, metas realistas e menor ambiguidade de papel sugere uma mudança na forma como o trabalho é percebido, e no tipo de vínculo que se estabelece com a organização.
Como surgiu o conceito de lazy job?
O termo lazy job começou a ganhar visibilidade nas redes sociais, especialmente entre jovens da geração Z, como uma resposta direta ao excesso de pressão e à cultura da exaustão que ainda é comum em muitas organizações.
A expressão foi popularizada por criadoras de conteúdo nos Estados Unidos, que passaram a usar o termo para se referir a cargos que oferecem boa remuneração, pouca cobrança emocional e rotinas previsíveis.
Esse movimento ganhou força, principalmente no TikTok e no LinkedIn, como um contraponto à ideia de que é preciso “dar o sangue” pela empresa para ser reconhecido ou ter sucesso na carreira.
Assim, o discurso viralizou justamente por tocar em uma insatisfação coletiva: a percepção de que trabalhar demais, sem propósito claro ou qualidade de vida, já não faz sentido.
Essa mudança de mentalidade, que antes parecia isolada, hoje já impacta os indicadores de turnover, engajamento e até a própria proposta de valor das empresas enquanto marca empregadora.
Quais são as principais características do lazy job?
O lazy job não se define apenas pelo nível de esforço exigido, mas por um conjunto de fatores que tornam a experiência de trabalho mais equilibrada e previsível. Para profissionais da geração Z, essas características são decisivas na hora de aceitar uma vaga.
E para o RH, funcionam como sinalizadores do que precisa ser repensado em termos de jornada, cultura e proposta de valor. Assim, algumas das principais características deste novo modelo de comportamento são:
- baixo nível de estresse;
- rotina previsível e estável;
- escopo de trabalho bem definido;
- flexibilidade de horário e local;
- autonomia na execução das tarefas;
- remuneração proporcional às entregas;
- pouca exposição a conflitos e política interna;
- baixo volume de reuniões;
- jornada sem necessidade de sobrecarga;
- ambiente seguro psicologicamente.
Como o lazy job se destacou entre a geração z?
O destaque do lazy job veio como resposta direta a um cenário de esgotamento físico e mental que marcou as gerações anteriores, que vivenciaram o auge da cultura do “workaholic”. Assim, a nova geração observou os impactos desse modelo e passou a questionar o custo real do sucesso profissional.
Alguns fatores sociais contribuíram para que esse modelo se consolidasse, como:
- normalização do trabalho remoto e híbrido após a pandemia, que aumentou a expectativa por flexibilidade;
- disseminação de conteúdo sobre saúde mental, autocuidado e propósito de vida, principalmente nas redes sociais;
- crescimento da creator economy, que reforçou a ideia de múltiplas fontes de renda e menos dependência de um único vínculo formal;
- críticas à meritocracia tradicional, que muitas vezes negligenciava desigualdades e levava à exaustão;
- maior acesso à informação, que permite comparar condições de trabalho em tempo real e expor empresas com práticas ultrapassadas.
Quais são os impactos do lazy job no mercado de trabalho?
O movimento não representa uma ameaça à produtividade, mas sim um sinal de mudança nas prioridades das novas gerações. E para o mercado de trabalho, os impactos são múltiplos e interdependentes, como:
- a alta performance começa a ser associada à entrega de resultados com consistência e qualidade, e não ao número de horas trabalhadas ou à disponibilidade fora do expediente;
- crescimento da demanda por modelos de jornada mais flexíveis, que ofereçam autonomia e permitam ao profissional adaptar seu tempo sem comprometer os objetivos do negócio;
- funções que oferecem menor carga emocional, menos exposição a conflitos e rotinas mais estáveis tendem a atrair mais talentos da nova geração;
- programas de engajamento precisam ir além dos incentivos tradicionais e focar em ações que promovam bem-estar, previsibilidade e respeito aos limites individuais;
- a cultura organizacional passa a ser um critério decisivo para atração e retenção, especialmente quando valoriza a saúde mental e a transparência nas relações de trabalho;
- a estrutura de cargos e salários precisa ser revista para contemplar funções que permitam menor sobrecarga, sem que isso implique desvalorização profissional.
Esses impactos evidenciam a urgência de atualizar as estratégias de gestão de pessoas. O que antes era visto como “comodidade” ou “acomodação” hoje se consolida como uma nova forma de se relacionar com o trabalho. Assim, é mais racional, mais sustentável e, muitas vezes, mais produtiva.
A geração Z não quer trabalhar menos, mas quer trabalhar melhor. E cabe às lideranças entender que essa nova lógica pode, sim, trazer mais resultado com menos desgaste. Repensar jornadas, flexibilizar estruturas e investir em ambientes mais saudáveis pode gerar ganhos consistentes em engajamento, produtividade e retenção.
Para aprofundar ainda mais a reflexão sobre o comportamento da geração Z no ambiente corporativo, recomendamos a leitura do artigo sobre Geração Z no trabalho.
Em resumo
O que define um lazy job?
Funções com escopo bem delimitado, baixa pressão emocional, flexibilidade de horário e ambiente organizacional mais saudável. São comportamentos que buscam previsibilidade, autonomia e respeito aos limites individuais.
Quais impactos o lazy job traz para a gestão de pessoas?
O RH precisa repensar práticas rígidas, ampliar a oferta de modelos de jornada flexível, rever estruturas de cargos e investir em cultura organizacional que valorize saúde mental e resultados sustentáveis.
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