Fazer a análise de perfil comportamental ajuda a conhecer e estabelecer uma relação mutuamente benéfica entre pessoa colaboradora e empresa.
Um dos segredos da boa gestão de pessoas é entender as diferenças e agir para extrair o melhor de cada indivíduo. Para obter os dados necessários e fazer isso, é recomendado utilizar a análise de perfil comportamental. Você já considerou aplicar essa estratégia na sua empresa?
É um tipo de teste em que não há certo ou errado nas respostas, mas aprendizado sobre as características de pessoas colaboradoras, liderança, pessoas candidatas etc. Ou seja, um perfil inadequado para uma empresa ou cargo pode ser excelente para outra, por exemplo.
Para entender a ferramenta e saber aplicar, é importante tirar todas as dúvidas e conhecer as suas funções. Continue lendo!
O que é análise de perfil comportamental?
A análise de perfil comportamental parte da coleta de dados e observação, a fim de entender quais são as tendências de uma pessoa em relação a atitudes, decisões e ações. Com isso, profissionais são alocados em categorias que representam seus traços preponderantes.
Aqui, não se sabe como a pessoa vai agir em todas as situações, mas sim, entender a sua linha condutora na maior parte dos casos. Logo, é possível aumentar a segurança e confiabilidade com que as decisões são tomadas.
Para que serve a análise de perfil comportamental?
A análise de perfil comportamental serve para compreender como uma pessoa age em diferentes situações, identificando suas principais tendências de comportamento dentro do ambiente corporativo. Essa compreensão é usada para:
- alinhar funções;
- identificar potenciais; e
- melhorar processos de desenvolvimento de equipes.
No contexto empresarial, essa prática auxilia na tomada de decisões estratégicas, uma vez que revela de forma objetiva quais características podem favorecer determinadas atividades. Assim, gestores conseguem:
- estruturar equipes equilibradas;
- direcionar treinamentos; e
- reduzir falhas na alocação de talentos.
O resultado é um ambiente organizacional mais eficiente, que favorece a motivação e a retenção de profissionais.
Como funciona a análise de perfil comportamental?
A análise de perfil comportamental funciona por meio de ferramentas que mapeiam padrões de comportamento, avaliando fatores como tomada de decisão, comunicação, forma de lidar com desafios e interação com o grupo.
Esses elementos são transformados em relatórios que auxiliam gestores a entenderem pontos fortes e oportunidades de melhoria de cada pessoa.
Esses testes podem adotar diferentes metodologias, desde modelos clássicos de avaliação até ferramentas modernas baseadas em tecnologia e inteligência de dados. O objetivo é fornecer uma visão clara e estruturada, que permita usar informações de maneira prática em processos como seleção, promoção ou desenvolvimento de carreira.
Dessa forma, a empresa adota uma gestão mais alinhada às necessidades reais das equipes.
Qual é a importância para as empresas?
A análise comportamental pode ser utilizada por organizações de diferentes portes: pequenas, médias e grandes. Com ela, é possível verificar a adequação entre as características da pessoa e os alinhamentos necessários sobre diferentes pontos de vista.
Necessidades do cargo
A primeira dessas perspectivas são as necessidades do cargo. Além das competências técnicas, as funções podem exigir atitudes e comportamentos realizados consistentemente, e isso pode ser avaliado com base nos perfis comportamentais.
Para ilustrar a questão, em princípio um vendedor externo precisaria de mais resiliência que um profissional de dentro do escritório. Afinal, parte da rotina de vendas consiste em receber vários “nãos” até chegar a uma negociação positiva.
Logo, um teste comportamental pode ser aplicado para verificar a presença desse atributo em candidatos ao cargo.
Cultura forte
Outra avaliação possível é medir se o profissional se encaixa na cultura da empresa. Para as pessoas com fit cultural, trabalhar na organização é coerente com os valores e as crenças que defendem. Logo, são mais dispostas a mobilizar esforços para alcançar os objetivos do negócio.
Os benefícios de engajamento, motivação e produtividade podem ser vistos no dia a dia. Se o líder dá uma ordem que vai contra o que a pessoa acredita, ela até pode fazer a tarefa. Porém, dificilmente será com a mesma vontade e dedicação, por exemplo.
Composição de equipes
A análise de perfil comportamental contribui igualmente para entender o encaixe da pessoa colaboradora na equipe. Desenhar uma equipe que facilite a conquista dos objetivos propostos será mais fácil se houver conhecimento sobre as pessoas.
Imagine, por exemplo, uma linha de produção sem executores ou uma contabilidade sem analistas. Se um cargo demanda um perfil “X”, e é entregue “Y”, as chances de sucesso são reduzidas.
Além disso, não há um bom aproveitamento das habilidades da pessoa colaboradora, que poderia entregar mais em outra função.
Posição de liderança
É válido refletir também sobre o que é desejado nas posições-chave. Como o gestor precisa ser, comportamentalmente, para tirar o máximo da equipe sob sua responsabilidade?
Além disso, pode ser utilizada para orientar a formação de líderes, entendendo as soft skills que precisam ser desenvolvidas.
Relação humana
Por fim, conhecer o perfil comportamental ajuda a entender como as pessoas gostariam de ser tratadas e que situações as deixam confortáveis para dar o seu melhor.
Assim, reduz-se o risco de, apesar de ter pessoas competentes ao nosso lado, não ser possível colocá-las nos contextos em que vão agregar o máximo de valor para a empresa. Sem contar que a equipe saberá como abordar as pessoas no dia a dia e evitar ruídos de comunicação.
Quais são os perfis comportamentais?
Os quatro perfis comportamentais preponderantes no ambiente de trabalho são: comunicador, executor, analista e planejador. Ao aplicar diferentes métodos para coletar informações sobre as pessoas, será identificado o perfil dominante em cada um para tomar decisões que vão melhorar o desempenho.
Planejador
Profissionais com perfil planejador apresentam um comportamento linear. Além disso, a tomada de decisão é mais lenta, pois pessoas com essa característica tentam antecipar as condições e detalhar o caminho antes de agirem.
Assim, elas buscam definir uma estratégia mais segura para alcançar os resultados. Nas relações humanas, gostam de construir as soluções em conjunto, avaliando várias perspectivas antes de traçar o melhor rumo.
Executor
Este segundo grupo de pessoas não precisa de análises nem de planos detalhados. Profissionais executores rapidamente desejam se colocar em ação, lidando com os riscos e imprevistos à medida que eles surgem.
Nesse sentido, o executor é otimista e constante no cumprimento de tarefas. Porém, pode pecar pela falta de reflexão e planejamento ao realizar as suas atividades.
Comunicador
Já o comunicador se caracteriza por buscar conexões com as pessoas. Seu ponto forte é a capacidade de interação com outras pessoas, sentindo-se motivado ao dialogar, expressar seu ponto de vista e conviver com os demais.
Além disso, as pessoas com esse perfil podem contribuir significativamente para os processos criativos. Afinal, sua tendência é gostar da troca e compartilhamento de informações, ideias, pontos de vista e argumentos.
Analista
Por sua vez, o analista é um profissional minucioso e centrado na qualidade. Seu processo de decisão envolve o conhecimento e reflexão sobre todos os elementos do problema, entendendo a conexão deles para com o conjunto.
Em comparação com os demais perfis, é o mais introvertido. Além disso, é bastante comum que ele contribua em funções técnicas, que demandam seu estilo de pensamento metódico.
Vale ressaltar que o RH pode ajudar as pessoas no desenvolvimento individual com o uso do feedback.
Por exemplo, profissionais com perfil planejador podem receber apoio para ter mais produtividade na hora de colocar o plano em prática. Já os comunicadores podem ganhar consciência de que, por vezes, é preciso dar espaço para outras pessoas falarem.
Quando os testes podem ser aplicados?
Os testes de perfil comportamental podem ser aplicados em diferentes momentos, conforme a necessidade da organização. Eles podem ser utilizados desde a entrada de uma nova pessoa colaboradora até decisões estratégicas de longo prazo. A seguir, estão alguns dos cenários mais comuns.
Recrutamento e seleção
Durante o processo de recrutamento e seleção, a análise de perfil comportamental auxilia a identificar candidatos que apresentam maior compatibilidade com a cultura da empresa e as exigências da vaga. Essa avaliação complementa currículos e entrevistas, ajudando a reduzir contratações desalinhadas.
Além disso, o teste possibilita maior previsibilidade sobre o desempenho futuro, uma vez que analisa padrões de comportamento diante de situações de pressão, liderança e cooperação. Isso permite decisões mais seguras e acertadas.
Promoção de pessoas colaboradoras
No momento de promover uma pessoa colaboradora, a análise de perfil comportamental contribui para entender se a pessoa tem características adequadas ao novo desafio. Avaliar competências comportamentais ajuda a reduzir riscos de promoções equivocadas.
Com esse recurso, gestores conseguem verificar se determinado profissional demonstra capacidade para assumir responsabilidades mais complexas ou cargos de liderança.
Assim, a empresa garante que as promoções sejam sustentadas por dados concretos, favorecendo a continuidade de bons resultados.
Gestão de equipe
Na gestão de equipe, o teste auxilia a compreender a diversidade de perfis presentes no grupo, revelando como diferentes profissionais se relacionam e se complementam. Esse entendimento permite ao gestor estruturar estratégias de liderança mais eficazes.
Ao identificar preferências de comunicação, tomada de decisão e estilo de trabalho, a liderança consegue adaptar a gestão às características do time. Dessa forma, é possível aumentar a colaboração, reduzir conflitos e fortalecer o engajamento.
Planejamento estratégico
O planejamento estratégico pode ser mais eficiente quando utiliza informações da análise de perfil comportamental. Esse recurso ajuda a identificar perfis mais adequados para determinados projetos ou desafios futuros.
Com base nos resultados, a empresa pode direcionar talentos para funções que exigem inovação, liderança ou resiliência. Isso garante maior equilíbrio entre as demandas organizacionais e as competências disponíveis, criando um cenário favorável para atingir metas de longo prazo.
Quais são os métodos de análise do perfil comportamental?
Os métodos ajudam a levantar dados e informações sobre os comportamentos das pessoas. Assim, é possível usar o conhecimento para entender em que perfil (planejador, executor, comunicador ou analista) a pessoa se encaixa.
Além disso, os testes podem criar categorias específicas que vão ajudar a detalhar a análise comportamental. Dessa forma, torna-se viável conhecer as pessoas mais a fundo.
1. Teste DISC
O teste DISC é uma das ferramentas de desenvolvimento de pessoas mais utilizadas. Sua estratégia consiste no envio de um questionário sobre decisões e ações que a pessoa comumente realiza na vida. Assim, conforme as respostas, ela estará mais próximo de uma das quatro categorias da avaliação:
- dominância (D);
- influência (I);
- estabilidade (S);
- conformidade (C).
A dominância é comum nas pessoas que tomam a frente para atingir resultados, buscam o poder de decisão, assumem riscos e motivam-se por desafios.
Na influência, o traço é a capacidade de relacionamento e persuasão. É o profissional que consegue fazer os outros agirem e motiva-se por liberdade, criatividade e conexões humanas.
A estabilidade é o perfil mais ligado a gostar de segurança e manutenção dos contextos. É, portanto, alguém precavido e crítico, que prioriza minimizar riscos.
Já a conformidade é característica de quem se adapta bem a regras e padrões. É um profissional com elevado índice de obediência e apreço pela precisão das ordens e medidas colocadas no ambiente de trabalho.
2. Big Five
O Big Five, como a tradução já indica, avalia os cinco grandes traços que conduzem as pessoas. Também é um método que se utiliza de questionários e agrupamento de características:
- abertura: a disponibilidade para o novo e para a mudança;
- conscienciosidade: o senso de responsabilidade e dever;
- extroversão: a projeção da pessoa perante os semelhantes;
- neuroticismo: o envolvimento com sentimentos e reações negativas diante das situações;
- condescendência: o nível de aceitação e conformismo com as situações.
Aqui, o resultado será descrito em graus de correspondência com cada um das áreas, determinando-se o traço mais forte.
3. LABEL
A Lista de Adjetivos Bipolares e em Escala de Likert (LABEL) é um instrumento de avaliação aplicado por profissionais de Psicologia. Nele, é possível obter um relatório completo com o mapa da personalidade do indivíduo, a partir de um questionário estruturado.
Com o auxílio de especialistas, podem saber se a pessoa é mais:
- planejadora;
- executora;
- comunicadora; ou
- analista.
O resultado também pode ser apresentado conforme os critérios do DISC e do Big Five, entre inúmeras outras opções.
4. STAR
O STAR é um modelo para entender o comportamento, utilizando de entrevistas e observação relacionadas a problemas reais. Nele, o avaliador vai entender 4 pontos:
- a situação em que o profissional estava inserido;
- a tarefa que ele deveria ter cumprido;
- a ação implementada;
- o resultado alcançado.
Esse é um modelo mais qualitativo. Em vez de indicadores e números, os envolvidos vão discutir os pontos-chave do comportamento e entender o que há por trás de cada etapa.
Posteriormente, é possível avaliar qual foi a linha condutora: se o traço preponderante é de um planejador, comunicador, executor ou analista.
5. Profiler
O Profiler é um software desenvolvido pela Sólides que utiliza inteligência artificial para mapear o perfil comportamental de profissionais — e se baseia na metodologia DISC.
Esse método é amplamente usado em empresas por oferecer relatórios detalhados e de fácil interpretação, capazes de indicar pontos fortes, fragilidades e preferências comportamentais.
O diferencial do Profiler está na integração com processos de gestão de pessoas, permitindo que organizações utilizem os resultados em recrutamento, desenvolvimento e retenção de talentos.
Além de identificar o perfil individual, o Profiler possibilita análises comparativas entre candidatos e equipes, tornando a tomada de decisão mais estratégica.
Essa ferramenta combina agilidade e profundidade, oferecendo aos gestores uma visão clara sobre as características de cada profissional e seu encaixe dentro da cultura organizacional.
6. Grit Scale
O Grit Scale é um teste desenvolvido pela psicóloga Angela Duckworth para avaliar a perseverança e a paixão de uma pessoa em relação a objetivos de longo prazo. Diferentemente de outros métodos, ele não foca apenas em traços de personalidade, mas na capacidade de manter esforço contínuo diante de desafios.
Esse tipo de análise é útil em contextos onde a resiliência e a dedicação são determinantes para o desempenho, como em cargos de liderança ou funções que exigem alta pressão.
Ao medir o grau de persistência, o Grit Scale oferece uma perspectiva complementar às avaliações tradicionais de perfil comportamental.
Organizações que utilizam esse teste conseguem identificar profissionais com maior probabilidade de manter resultados consistentes, mesmo em ambientes desafiadores. Dessa forma, o Grit Scale se torna um recurso estratégico para prever desempenho sustentável e identificar talentos com forte orientação para metas.
7. Eneagrama
O Eneagrama é um método que classifica os indivíduos em nove tipos principais de personalidade, cada um com motivações, pontos fortes e padrões de comportamento específicos.
Diferentemente de ferramentas mais objetivas, o Eneagrama busca compreender não apenas como a pessoa age, mas também por que age dessa maneira.
Essa abordagem aprofunda a análise ao incluir fatores emocionais e motivações internas. No ambiente corporativo, o Eneagrama é usado para promover autoconhecimento e melhorar a dinâmica entre equipes.
Ele permite que profissionais identifiquem seus pontos de atenção, ampliando a capacidade de relacionamento interpessoal e desenvolvimento de liderança.
Embora seja mais subjetivo do que ferramentas tecnológicas, o Eneagrama é bastante aplicado em treinamentos de equipes e programas de desenvolvimento humano. Sua proposta é oferecer uma visão completa, unindo aspectos racionais e emocionais, o que enriquece os processos de gestão de pessoas.
As pessoas são bastante diferentes em relação a comportamentos e atitudes. Assim, a empresa deve respeitar essas características e, ao mesmo tempo, avaliar se o profissional é o que precisam em termos de fit cultural, adequação ao cargo, convívio com a equipe, etc.
A análise de perfil comportamental favorece relações mais equilibradas entre empresa e pessoa colaboradora, ajudando a reduzir riscos como baixa motivação, turnover e absenteísmo. Esse cuidado também facilita a alocação de talentos em funções que potencializam seu desempenho, garantindo um ambiente produtivo.
Nesse contexto, entra o fit cultural, entendido como a “química” entre candidato e organização, elemento essencial para manter uma relação harmoniosa e duradoura.
Em resumo
Os quatro tipos de perfis comportamentais são dominância, influência, estabilidade e conformidade, que ajudam a identificar características, atitudes e preferências de cada profissional no ambiente corporativo.
A análise de perfil comportamental pode ser feita por meio de testes estruturados que avaliam atitudes, estilo de comunicação e tomada de decisão, auxiliando na gestão de pessoas e no alinhamento entre talentos e funções.
A análise de perfil comportamental é um processo que identifica padrões de comportamento, motivações e preferências de profissionais, servindo como apoio estratégico em recrutamento, gestão de equipes, promoção e planejamento organizacional.
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