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27 março, 2025 • 7:44

O microgerenciamento é um autoengano que pode custar caro para o desempenho das equipes. Muitas vezes, controle e supervisão excessivos são vistos como empenho e busca por qualidade, quando, na verdade, prejudicam o trabalho e as relações humanas.

Um estilo de liderança adequado faz as equipes atingirem um alto desempenho. Ele cria um sistema em que o valor entregue coletivamente é superior à soma dos trabalhos individuais — e está muito além da produtividade de uma única pessoa.

Neste conteúdo, abordamos por que o microgerenciamento é uma atitude contraproducente e como desenvolver uma liderança mais eficaz. Continue lendo!

Entenda o que é microgerenciamento

Microgerenciamento é o controle e supervisão excessivos sobre pessoas. A gestão remove a autonomia de tarefas que deveriam estar sob a responsabilidade de integrantes das equipes. Deixa-se, assim, de coordenar o time para intervir em todos os aspectos do trabalho.

A palavra tem origem no inglês micromanagement. O dicionário Oxford Learning define o termo como:

 “a prática de controlar cada detalhe de uma atividade ou projeto, especialmente o trabalho de seus colaboradores”.

6 motivos para evitar o microgerenciamento

No microgerenciamento, existe um desbalanceamento em que as pessoas são como marionetes. Cada movimento passa pela atuação da gestão, sendo uma conduta contraproducente para o trabalho e prejudicial para as relações. 

1. Equipe sem evolução

Se as tarefas serão ditadas em seus mínimos detalhes por outra pessoa, faz pouco diferença o grau de capacitação do membro da equipe. Não há motivação para aprender novas competências e desenvolver as habilidades existentes, porque não há espaço para fazer algo diferente.

É um exemplo o analista júnior que continua executando tarefas básicas mesmo após anos na empresa. Essa insistência em ditar cada passo do trabalho impediria o desenvolvimento do pensamento crítico e habilidades mais avançadas.

2. Redução da produtividade

O microgerenciamento transforma a liderança em uma etapa burocrática do fluxo de trabalho. Tudo é desacelerado à medida que qualquer progresso depende da intervenção direta da gestão.

São tempos mortos em que se bloqueia a produção do time, sem um ganho efetivo de qualidade ou confiabilidade nos resultados. Para ilustrar, pense no tempo perdido se uma equipe de desenvolvimento de software tem que apresentar cada linha para ser revisada e aprovada pelo gestor, mesmo para correções simples de bugs. O fluxo de trabalho seria constantemente paralisado.

3. Crescimento do retrabalho de demandas

As tarefas passam a ser rejeitadas e são refeitas por mero capricho. Não é que o resultado da atividade deixou de atender aos requisitos, mas o jeito de fazer não é do gosto da liderança. 

Um exemplo seria um designer que precisa refazer uma apresentação porque a gestão quer mudar detalhes mínimos de fonte e cores, mesmo quando o material já atende aos padrões da empresa. O retrabalho não agrega valor real ao produto final, apenas satisfaz preferências pessoais da liderança.

4. Aumento da taxa de rotatividade

As pessoas deixam de enxergar perspectiva de crescimento, e as tarefas da função não são desafiadoras. Outra característica é que retrabalhos, supervisão e controle excessivos desgastam a relação com a liderança. Tudo isso significa que, caso surja uma boa proposta de trabalho, não há grandes incentivos para continuar na empresa. 

Como exemplo, pense em uma equipe de vendas em que a gestão monitora exige que todos sigam o mesmo roteiro. Essa conduta pode levar vendedores experientes a procurarem empresas que valorizem mais sua experiência e criatividade.

5. Pouca inovação

Apenas um jeito e um ponto de vista sobre as coisas se tornam presentes no ambiente de trabalho. Não há margem para testar soluções, tampouco para apresentar novas ideias. Todo o trabalho está predeterminado, seguindo uma única mentalidade rígida e imutável.

Um caso ilustrativo seria uma equipe de produto onde toda sugestão de melhoria precisa seguir exatamente a visão da gestão. O time deixaria de aproveitar os dados de usuários quando apontam para outras direções, resultando em produtos desalinhados com as suas necessidades. Com isso, a inovação deixa de acontecer.

6. Equipe sem autonomia

A capacidade de resolver problemas e agir rapidamente é prejudicada. Não há liberdade para atuar quando necessário, criando um time engessado e pouco capaz de atuar quando surpreendido. 

É o exemplo de uma equipe de atendimento que precisa consultar o supervisor mesmo em situações rotineiras, como pequenos descontos ou trocas simples. Clientes veem um aumento desnecessário de tempo de resolução dos problemas, ficando insatisfeitos.

Veja como identificar o microgerenciamento na empresa

O microgerenciamento pode ser identificado com a avaliação de desempenho. Um exemplo seria usar um questionário de escolha forçada. Nele, membros da equipe assinalam a frase que mais bem reflete o ambiente de trabalho com a pessoa responsável pelo time. Explore um exemplo!

Como a liderança acompanha as tarefas da equipe?

  1. solicita atualizações constantes ao longo do dia sobre cada detalhe das atividades;
  2. mantém reuniões diárias breves e objetivas para alinhar prioridades;
  3. estabelece checkpoints periódicos para acompanhar o progresso;
  4. confia na equipe e só intervém quando solicitado.

Como são tratadas as novas ideias e sugestões da equipe?

  1. a gestão rejeita propostas diferentes de sua própria metodologia;
  2. as ideias são recebidas, mas devem seguir exatamente a visão do gestor;
  3. sugestões são bem-vindas desde que alinhadas aos objetivos do projeto;
  4. a equipe tem liberdade para propor e testar novas abordagens

Como a liderança lida com a tomada de decisões?

  1. centraliza todas as decisões, mesmo as mais simples;
  2. precisa aprovar muitos detalhes dos projetos antes da implementação;
  3. delega responsabilidades conforme a experiência da equipe;
  4. oferece autonomia com diretrizes claras.

Como é o processo de entrega de tarefas?

  1. a liderança exige que tudo seja feito exatamente do seu jeito;
  2. cada etapa precisa de aprovação antes de continuar;
  3. a equipe tem flexibilidade para escolher a melhor abordagem;
  4. os resultados são avaliados com base nos objetivos estabelecidos.

As respostas estão correlacionadas aos seguintes níveis de controle e supervisão. Nos questionários, quanto mais próximo de um ponto maior a intervenção sobre as atividades, enquanto a proximidade com o número quatro expressa os aumentos de autonomia.

A dimensão do desafio dependerá de quão enraizado o microgerenciamento está na cultura da empresa.

Saiba como evitar o microgerenciamento na empresa

Algumas boas práticas podem ajudar a conscientizar sobre o microgerenciamento e estimular um novo estilo de gestão.

Conceda feedbacks para as lideranças

Uma comunicação direta e transparente sobre a questão é o primeiro passo. Construa um feedback que mostre as consequências do microgerenciamento e surgiram novas abordagens para as lideranças.

Modifica a formação de lideranças

A formação de lideranças deve buscar capacitações que satisfaçam essa lacuna de competência. Por ser um tema específico, uma boa prática são as trilhas de aprendizado.

O conteúdo pode ser dividido em pílulas, com vídeos, textos, podcasts e outros materiais. A seguir, a distribuição será intensificada para as lideranças que apresentam mais dificuldades sobre o tema.

Acompanhe o clima organizacional

O clima organizacional é um bom indicador das relações entre lideranças e liderados. Uma pesquisa de clima captura como as pessoas percebem a experiência de trabalho na empresa. Assim, podemos avaliar as consequências do microgerenciamento e sua melhoria ao longo do tempo.

Incentive a criação de etapas de aprovação

As capacitações podem incentivar a substituição da supervisão constante por rotinas de reuniões ou etapas de aprovação. As fases devem ter tempo limitado e pautas objetivas. É um passo para aumentar a autonomia sem modificar radicalmente a maneira como o trabalho é realizado.

Estimule a autonomia dos colaboradores

Para reduzir o microgerenciamento, procure capacitar as pessoas para realizar a autogestão no trabalho. Com essa competência mais presente nas equipes, existe mais confiança de que, sem a participação direta das lideranças, o trabalho será entregue da maneira adequada.

Utilize ferramentas de gestão de projetos

Aposte ainda em plataformas que gestores acompanhem o andamento das tarefas sem precisar cobrar constantemente as equipes. A transparência no fluxo de trabalho aumenta, reduzindo a necessidade de consultas às equipes ao longo do dia.

O microgerenciamento não precisa ser substituído por autonomia radical. Procure um ponto de equilíbrio em que as pessoas ganhem protagonismo na construção dos resultados, conforme a cultura desejada pela empresa. Assim, o ambiente de trabalho será mais saudável e produtivo.

Gostou do artigo? Agora que você já conhece o microgerenciamento e entende seus impactos nas empresas, conheça outros 19 erros de lideranças que são excelentes pontos de melhoria!

Em resumo

O que é microgerenciamento?

Microgerenciamento é o controle e supervisão em níveis que ultrapassam o ponto ótimo, sufocando a autonomia necessária para realizar um bom trabalho.

Quais são as suas consequências?

O microgerenciamento prejudica a organização em vários aspectos:

  • Mina a evolução da equipe;
  • Reduz a produtividade;
  • Gera retrabalho de demandas;
  • Aumenta a taxa de rotatividade;
  • Cria obstáculos para inovação;
  • Sufoca a autonomia da equipe.

Como evitar o microgerenciamento?

Boas práticas para mudar o microgerenciamento são:

  • conceder feedbacks para as lideranças;
  • modificar a formação de lideranças;
  • acompanhar o clima organizacional;
  • incentivar a criação de etapas de aprovação;
  • estimular a autonomia dos colaboradores;
  • utilizar ferramentas de gestão de projetos.

Crédito da imagem: Freepik.

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