A Síndrome de Burnout foi incluída pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) como um fenômeno ocupacional, não como uma doença médica específica, mas o caso da depressão.
A famigerada síndrome está, a partir de agora, enquadrada no capítulo “Fatores que influenciam o estado de saúde ou o contato com os serviços de saúde”, que engloba motivos pelos quais as pessoas entram em contato com serviços de saúde, mas que não são classificadas como doenças propriamente ditas.
A importância dessa percepção é absoluta: à luz do conhecimento atual, há que se considerar o Burnout como uma questão a ser gerenciada dentro do ambiente do trabalho, ou seja, mais do que delegar aos serviços de saúde a abordagem do tema, faz-se urgente pautar o tema do esgotamento profissional no contexto corporativo.
O que é a Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout é o resultado do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso, segundo a definição da OMS. Nesse sentido, seria uma doença do contexto ocupacional, fundamentada na seguinte tríade:
- exaustão física e mental,
- distanciamento afetivo (ou ceticismo);
- baixa realização pessoal.
Segundo pesquisa da International Stress Management Association (Isma-BR), cerca de 32% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros sofrem com a Síndrome de Burnout.
Entender como os fatores listados se manifestam e identificar os quatro pilares que embasam esse fenômeno é o segredo para as lideranças abordarem de maneira objetiva e eficaz a questão do adoecimento mental no ambiente organizacional.
Estudos recentes têm revisitado o tema do Burnout e situam a origem da síndrome no eventual desbalanço de ao menos um dentre quatro pilares:
- recompensa financeira;
- recompensa emocional;
- demandas;
- propósito.
Quando qualquer um desses pontos está em desalinho, o resultado será turbulência, angústia e risco aumentado para a presença de Burnout.
Quais são os sintomas do Burnout?
A Síndrome de Burnout tem impactos diretos no cotidiano e na vida da pessoa, promovendo prejuízos profissionais e pessoais. Os sintomas do Burnout podem ser físicos, psíquicos e emocionais:
- dores musculares;
- distúrbios respiratórios;
- cansaço físico e mental excessivos;
- transtornos cardiovasculares;
- disfunção sexual;
- imunodeficiência;
- comportamento de alto risco;
- pensamentos suicidas;
- insônia;
- alterações menstruais;
- perda do apetite;
- dificuldade de concentração;
- irritabilidade;
- agressividade;
- baixa autoestima;
- lapsos de memórias;
- desânimo e apatia;
- negatividade constante;
- sentimentos de derrota, fracasso e insegurança;
- pressão alta;
- isolamento social;
- problemas no sistema gastrointestinal (estômago e intestino);
- tristeza excessiva.
Algumas pessoas podem confundir os sintomas, por isso, é fundamental consultar um profissional da psicologia para garantir o diagnóstico.
Como é feito o diagnóstico do Burnout?
O diagnóstico da Síndrome de Burnout é oferecido por um psicólogo ou psiquiatra. Esses profissionais conseguem, por meio do diálogo, analisar o quadro do paciente, a partir do relato da relação da pessoa com o trabalho e a realização profissional.
Ou seja, o diagnóstico é basicamente clínico, levantando todo o histórico do paciente e seu envolvimento com a empresa e sua vida profissional. As respostas psicométricas é baseada em um questionário com a Escala Likert, o que também ajuda a estabelecer o diagnóstico.
Como é o tratamento da síndrome de Burnout?
O tratamento do Burnout pode ser feito por meio de medicamentos, com o uso de antidepressivos e psicoterapia. No geral, é necessário que o paciente continue com a terapia e faça o afastamento de suas atividades profissionais.
O acompanhamento médico é fundamental, assim como todo o apoio da sua rede familiar, de amigos e de colegas de trabalho. O acolhimento da empresa nesse momento é essencial para compreender a importância da saúde da pessoa funcionária.
É preciso também repensar os hábitos e as atividades. Prática de atividades físicas ajudam no processo de cura, assim como uma alimentação equilibrada e exercícios de respiração.
Como é feita a prevenção ao Burnout?
A Síndrome de Burnout pode ser prevenida pela pessoa e pela empresa. É importante dizer que as organizações exercem um papel fundamental para o quadro clínico, assim como a própria pessoa funcionária.
O cuidado com o clima organizacional, por exemplo, é uma maneira da organização apurar o sentimento das pessoas funcionárias, compreendendo se há algum grau de toxidade nas relações, na rotina de trabalho, entre outras coisas.
É nesse diagnóstico completo da organização que entra a pesquisa de clima. Por meio da escuta ativa, esse formulário de questões ajudam a gestão de pessoas compreender o sentimento, o cenário, as inseguranças e as angústias de todas as pessoas que trabalham na empresa.
Algumas outra recomendações de prevenção são:
- estimular momentos pausas no dia a dia para que as pessoas funcionárias descansem e tenham lazer;
- incentivar a prática de atividades físicas, buscando o equilíbrio físico-mental;
- estimular as pessoas funcionárias a procurarem profissionais de saúde para conversar sobre seu quadro.
A pessoa também pode adotar práticas de prevenção no cotidiano, tais como:
- evitar o consumo de álcool, drogas e estimulantes para aliviar os sintomas de Burnout ou aguentar a pressão do trabalho;
- procurar a ajuda de profissionais assim que perceber alguns sintomas.
Não esperar o quadro agravar para agir é fundamental para garantir que a pessoa não sofra com o processo do Burnout.
Qual é o impacto da empresa no Burnout?
A empresa exerce um forte papel na prevenção e proteção da saúde mental no trabalho. A gestão de pessoas e a liderança são essenciais para garantir um ambiente saudável para todas as pessoas funcionárias.
A liderança não conseguirá resolver todos os problemas de saúde mental no trabalho e, nesse sentido, deve receber o apoio da empresa, mas existem muitas ações de acolhimento que podem fazer a diferença.
Entenda como a gestão e a liderança podem ajudar na prevenção, identificação e redução do Burnout.
Verifique frequentemente as cargas de trabalho
Priorize a qualidade do serviço e respeite os limites dos profissionais, mais que o tempo e número de tarefas. Para isso, é importante alinhar as expectativas do que realmente precisa ser feito, avaliar quais são as tarefas relevantes e verificar se a carga de trabalho do colaborador é adequada.
Outro cuidado é minimizar as tarefas de baixo valor agregado. As pesquisas indicam que, em média, apenas 39% das horas de trabalho são produtivas, e as principais causas são atividades como reuniões, tarefas administrativas e checagem de e-mails. E, em muitos casos, o trabalho improdutivo será a causa do excesso de serviço.
Promova programas de bem-estar
Muitas vezes, as empresas investem em programas de bem-estar, como ginástica laboral, acompanhamento nutricional, distribuição de materiais educativos, palestras e treinamentos sobre saúde física e mental.
Acontece que a postura do líder sobre essas intervenções faz diferença. Por exemplo, as pessoas estarão menos engajadas nas atividades se o líder tratar os programas de saúde como meras formalidades ou interrupções desnecessárias. Procure conhecer o tema e seja um promotor das medidas de prevenção.
Incentive a interação e momentos de descontração
As pessoas passam boa parte das suas vidas no trabalho, e cultivar boas relações nesse ambiente é um passo importante para aliviar o estresse. Aliás, como visto anteriormente, não são as atividades de descontração e interação que prejudicam a produtividade, mas o trabalho de baixo valor agregado.
Por isso, procure incentivar os momentos de interação e descontração. Celebrar o aniversário de um colaborador, criar um “Casual Day”, em que as pessoas podem dispensar os uniformes e roupas formais, e deixar o local do cafezinho mais confortável são exemplos bem simples.
Mantenha um bom clima organizacional
Outro ponto de atenção é o clima organizacional. Esse indicador avalia como é trabalhar na empresa a partir da perspectiva dos colaboradores. Por isso, com uma pesquisa de clima, o líder pode entender quais são os pontos de melhoria e fazer ajustes em questões ligadas à saúde mental, qualidade de vida e equilíbrio no trabalho.
Conceda feedbacks constantes
O líder também pode usar os feedbacks como uma forma de escutar o colaborador. Por exemplo, além de avaliar a produtividade e dar retorno sobre os resultados, converse sobre a carga de trabalho e dificuldades enfrentadas, transformando as reuniões individuais de feedback em momentos de diálogo entre as partes.
As Melhores Empresas Para Trabalhar no Brasil em 2023, por exemplo, tem a prática de feedback como rotina, oferecendo de 3 a 4 ao longo do ano para as pessoas funcionárias.
Procure o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal
O trabalho é uma parte importante da vida do colaborador, mas não é a única. Procure entender que os profissionais têm necessidades relacionadas à família, lazer e descanso. São diversas as atitudes que podem contribuir, por exemplo:
- pensar duas vezes antes de enviar uma demanda fora do horário de trabalho;
- tornar a compensação de horas extras um mecanismo efetivo em que o profissional pode obter os dias de descanso;
- planejar o trabalho para evitar o excesso de horas extras;
- saber negociar prazos e quantidade de tarefas;
- refletir sobre a aplicação de horários mais flexíveis e modelo híbrido de trabalho.
A liderança não precisa observar os primeiros sintomas de esgotamento e exaustão para começar a agir. A Síndrome de Burnout, como visto, está ligada ao gerenciamento mal sucedido das demandas de trabalho, que levam ao estresse crônico, e podemos prevenir esse estágio.
Por que realizar o autocuidado?
A liderança pode tanto criar condições que podem levar os colaboradores à Síndrome de Burnout como pode ser afetado por ela. Aliás, segundo pesquisa divulgada na Você RH, 30% dos liderados veem seus líderes a caminho do Burnout.
As demandas nas posições de liderança exigem grande responsabilidade e trazem uma alta carga de trabalho. Não à toa, em muitos casos, os líderes estão tão ocupados que só prestam atenção nos colaboradores quando algo dá errado.
Os pontos apresentados são medidas não apenas para cuidar das suas equipes, mas para o autocuidado. Um líder que se preserva pode ser o exemplo para os colaboradores se sentirem mais confiantes e colocarem suas necessidades à vista.
Além disso, não é porque alguém alcançou um cargo importante que seu bem-estar se torna secundário, especialmente diante de doenças ocupacionais como a Síndrome de Burnout.
Como a pesquisa de clima GPTW pode ajudar na prevenção do Burnout?
O Great Place To Work® é uma consultoria que apoia as organizações a se tornarem um ambiente de confiança, alto desempenho e inovação.
Por meio de uma pesquisa de clima que afere um diagnóstico completo de toda a organização, considerando diferentes dimensões, o GPTW mensura o cenário da empresa.
A pesquisa GPTW é um exercício de escuta ativa das pessoas funcionárias, garantindo o anonimato e a proteção de dados. Dessa forma, é mais fácil garantir retornos reais sobre os sentimentos, desejos, angustias e insatisfações.
Sendo uma pesquisa que aprofunda bastante na compreensão da organização na visão das pessoas funcionárias, é possível agir como uma mensuração e prevenção da Síndrome de Burnout.
Se você ficou com interesse de entender como a pesquisa de clima do GPTW pode ajudara sua organização otimizar a gestão de pessoas, consulte nossos especialistas!