Os estilos de liderança são aquilo que fazemos constantemente em relação aos nossos liderados. Esse comportamento-padrão pode gerar produtividade, engajamento, coesão e integração ou prejudicar o trabalho, camaradagem, confiança e a cooperação do time. Logo, merece todo o cuidado e atenção, não é mesmo?
Na prática, precisamos entender qual é o nosso padrão e que mudanças podem ser feitas diante de pessoas, tarefas e situações diferentes. Como veremos mais à frente, os estilos de liderança são como peças de roupa, e cada ocasião pedirá uma vestimenta.
Para conhecê-los, continue a leitura deste conteúdo. Nele, tiramos as principais dúvidas para você identificar o seu estilo de liderança e mostramos o caminho para uma gestão mais eficaz. Confira!
Qual é o papel da liderança nas empresas?
As empresas de hoje são estruturas complexas, envolvendo diversas pessoas que precisam ser mobilizadas em prol de objetivos e valores organizacionais. Assim, do topo até a base, precisamos de pessoas capazes de influenciar os demais e orientar as atividades, mantendo todos alinhados em um propósito comum.
Além disso, os líderes representam a própria empresa para os colaboradores. Aspectos fundamentais, como clima organizacional e satisfação dos funcionários, depende do comportamento de quem está à frente das equipes. E, na prática, temos diversas expectativas sobre a liderança, como empatia, imparcialidade e tratamento justo.
Por isso mesmo, a liderança é um componente fundamental em todos os níveis da empresa: estratégico, tático e operacional. Segundo Idalberto Chiavenato, em “Introdução à Teoria Geral da Administração”, ela pode ser encarada por diferentes ângulos.
Poder de influência
O primeiro deles é a capacidade de uma pessoa exercer uma força psicológica sobre outra ou sobre um grupo, modificando comportamentos em direção a objetivos específicos. Muitas vezes, esse poder independe da hierarquia, existindo os líderes que mobilizam os demais pelo respeito e confiança nas relações de trabalho.
Redução da incerteza
Outra forma de olhar a liderança é enxergar um processo em que, ao ajudar os outros a fazerem escolhas ou a tomar decisões por si mesmo, um indivíduo reduz a incerteza sobre o futuro. Assim, o líder se torna, com orientação e assistência, quem melhor guia o time na busca dos objetivos individuais e coletivos.
Relação funcional
A liderança também pode ser encarada como uma relação funcional entre as partes envolvidas.
De um lado, o líder é quem detém os meios para atender às necessidades. De outro, o grupo segue o comandante por entender que ele tem a melhor estratégia para elevar o grau de satisfação dos seus membros.
Processo em função do líder, dos seguidores e das variáveis
Por fim, a liderança pode ser encarada como um processo em que o líder influencia pessoas para alcançar objetivos dentro das variáveis da situação. Aqui, deixamos de olhar para o poder do líder e enxergamos objetivamente o funcionamento da liderança, integrando os três elementos citados.
Para Chiavenato, a liderança poderia ser representada até mesmo por uma equação:
- Liderança = líder + seguidores + variáveis da situação.
Percebemos, com isso, quão amplo é o papel da liderança nas empresas. Além de um poder de influência de uns indivíduos sobre outros, ela se manifesta como uma estratégia social para reduzir a incerteza sobre o futuro e satisfazer as necessidades.
Além disso, enquanto processo, pode ser sintetizada numa fórmula que une líder, seguidores e variáveis da situação.
O que são os estilos de liderança?
O estudo dos estilos de liderança faz parte dos trabalhos de Chiavenato, na obra citada anteriormente. Na prática, eles integram um campo mais amplo, em que o autor identifica os conhecimentos desenvolvidos sobre liderança em três teorias:
- Teoria dos Traços da Personalidade;
- Teoria dos Estilos de Liderança;
- Teoria Situacional da Liderança.
A Teoria dos Traços da Personalidade analisa a liderança a partir das qualidades pessoais do líder. Assim, o bom líder seria alguém com certos atributos físicos, intelectuais, sociais ou relacionados à tarefa que se pretende concluir. É uma teoria que precisa ser utilizada com cautela, pois cada situação pode pedir líderes com características distintas.
Já a Teoria dos Estilos de Liderança parte do comportamento do líder junto às pessoas: autocrático, liberal ou democrático. Nela, buscamos a melhor entre as possíveis abordagens, considerando os efeitos na produtividade, satisfação dos colaboradores, construção de relações amizade no time etc.
Por fim, a Teoria Situacional da Liderança estuda a adequação do comportamento do líder às pessoas, tarefas e situações. Aqui, não há um único jeito de liderar, mas diferentes maneiras de se portar conforme as variáveis. Trata-se de uma teoria que, posteriormente, vale a pena aprofundar os estudos.
Como funcionam os estilos de liderança?
Entendendo o contexto, vamos aos três estilos de liderança de Chiavenato: autocrático, liberal ou democrático. Cada um deles diz respeito a uma maneira dos líderes se relacionarem com os seguidores, considerando a abordagem do comandante.
Liderança autocrática
A liderança autocrática é caracterizada pela centralização de decisões e imposição de ordens aos colaboradores. Assim, o líder define as diretrizes e providências do trabalho, organizando os times e não deixando nenhum espaço para participação dos liderados nas escolhas.
Nesse sentido, o foco da relação é sempre o líder, e todo o fluxo de trabalho depende da participação dele para ser concluído.
Liderança liberal
O modelo liberal está no extremo oposto. Nele, o líder aplica a autogestão, deixando que os membros do time tomem as decisões e usem os meios que julgarem mais adequados. Além disso, sua postura é reativa em relação às demandas do time: qualquer informação ou orientação é obtida apenas se o colaborador solicitar.
Também é um estilo de liderança marcado pelos próprios comandados definirem a divisão de tarefas e montagem das equipes de trabalho. Enfim, os holofotes estão todos nos liderados.
Liderança democrática
Já na liderança democrática, o líder é responsável pela condução e orientação dos times, mas conta com a participação dos funcionários. Assim, o foco se torna a atuação conjunta de comandantes e comandados, tentando construir soluções legitimadas por ambos.
No dia a dia, debater as decisões e escutar os colaboradores se torna uma rotina. Além disso, o líder mantém uma postura proativa junto às tarefas, orientando e direcionando, embora não faça a sua opinião prevalecer como na liderança autocrática.
Qual o melhor estilo de liderança?
Embora sejamos tentados a escolher a liderança democrática, a verdade é que o estilo mais adequado depende das circunstâncias.
Ora, não é difícil imaginar um contexto em que não haja tempo para debates ou as discussões se tornem intermináveis. É como dissemos lá no início: você precisa identificar a ocasião, e vestir-se de maneira apropriada.
O próprio Chiavenato sugere três fatores para definir quais estilos de liderança são mais adequados em cada momento.
Tarefas
A primeira variável é a tarefa que será executada. Geralmente, o líder tende a intervir menos em ações de rotina ou de baixo valor econômico, por exemplo.
Pessoas
Igualmente, alguns colaboradores podem trabalhar melhor quando o líder dá liberdade para agir, enquanto outros precisam de um comandante próximo. Além disso, a produtividade de debates, reuniões e participação depende bastante da disponibilidade e postura dos envolvidos.
Situação
O tratamento também pode variar de acordo com a situação. Imagine, por exemplo, uma decisão que trará impacto no trabalho dos colaboradores, outra em que o líder tem muito mais expertise sobre o assunto que o liderado e uma terceira em que o colaborador é quem domina o tema.
Cada uma delas exigirá um estilo diferente: democrático, autocrático e liberal, respectivamente. O ideal é, mesmo tendo um estilo preponderante, saber usar os demais como ferramentas.
Avalie com bastante cuidado as situações, tarefas e pessoas, definindo a melhor abordagem para cada momento. Assim, você será um líder mais eficaz.
Ah! Nos processos de sucessão de líderes, avalie se o futuro comandante consegue se adaptar às características da equipe. Um comandante pode ter ido muito bem em um ambiente que permitia uma liderança liberal ou democrática, mas ter dificuldades em grupos que requerem um pulso mais firme, e vice-versa.
Como identificar o estilo do líder?
A tendência é que o seu estilo atual seja caracterizado pela prevalência de um dos fatores. Para identificar qual é o preponderante, avalie se você centraliza decisões, abre para participação dos colaboradores ou dá liberdade para o time nos seguintes tópicos:
- criação de diretrizes e rotinas de trabalho;
- divisão de tarefas;
- definição de objetivos e metas;
- organização dos times;
- avaliação de desempenho dos colaboradores;
- tomada de decisões.
Utilize também avaliações de desempenho 360º ou avaliações de liderança. Nesses modelos, os colaboradores compartilham suas visões sobre o trabalho do comandante, permitindo uma visão de baixo para cima de como é o seu comportamento.
Ao entender seu estilo, avalie em quais momentos ele contribui para o trabalho e quando não é efetivo. Depois, reflita sobre como os outros estilos podem contribuir em relação às pessoas, tarefas e situações. Quanto mais aderente às circunstâncias, melhor será a sua atuação.
Sendo assim, você pode experimentar novos estilos de liderança e melhorar a sua capacidade de identificar a abordagem mais adequada para cada momento. E não deixe de continuar os estudos sobre o tema para adquirir novas ferramentas de avaliação e comportamentos úteis para ser um bom líder.
No blog do GPTW, temos um artigo completo para contribuir com o seu desenvolvimento. Acesse o artigo “Liderança: 12 comportamentos que definem uma grande gestão” e complemente sua leitura!