Por: Great Place To Work®

Por: Great Place To Work®

3 abril, 2019 • 2:19

Com o fit cultural você pode acertar na contratação dos talentos de alta performance técnica e, ao mesmo tempo, sintonizados com a cultura organizacional, para o sucesso de todos os envolvidos.

“Contrate o caráter, treine as habilidades”. O conselho do alemão Peter Schutz, CEO da Porsche nos anos 80, é conhecido no mundo corporativo até os dias atuais. Se antes um vasto currículo era suficiente para se destacar, hoje as empresas olham, na mesma medida, para os valores do candidato.

Mas será que o chamado fit cultural deve ser uma condição sine qua non para a contratação ou o desligamento de um colaborador? Quem responde esta e outras questões sobre o assunto é Isabella Botelho, cofundadora da Pin People. Integrante do GPTW Partners — rede de parceiros do Great Place to Work —, a plataforma oferece uma solução para mapear e otimizar o Employee Experience.

A seguir, você entende que, quando se trata da adequação do candidato aos valores da empresa, desenvolver uma gestão radical pode não ser uma boa saída. Continue lendo para entender o conceito de fit cultural e os benefícios de analisar esse critério de seleção!

O que é o fit cultural?

Ao alinhar os objetivos e valores pessoais dos candidatos a uma vaga de emprego, com os desenvolvidos pela empresa, considerando sua cultura, temos o conceito de fit cultural.

Na linguagem popularizada é o match perfeito, de conexão e sinergia, capazes de colaborar para a produtividade e crescimento mútuos em uma relação de parceria, sobretudo pelo fato de os talentos serem designados para as funções corretas.

Profissionais satisfeitos tendem a desempenhar um trabalho com qualidade, motivado pelas oportunidades e perspectivas de desenvolver a carreira. Em um ambiente propício e satisfatório, diariamente eles se sentem pertencentes e motivados a um vínculo duradouro.

Quando existe fit cultural, os problemas são mais fáceis de resolver, assim como as diferenças se tornam complementares, em prol de algo maior. A diversidade de ideias e pensamentos é algo agregador, em vez de segregar as equipes.

É uma forma interessante de avaliar o perfil na tentativa de saber como os candidatos se comportarão em determinadas situações. Esse levantamento de possibilidades ajuda a empresa a identificar quais os impactos e atitudes das pessoas frente aos problemas da rotina.

Muitas situações exigem equilíbrio e controle emocional, muito além de conhecimento, habilidades e competências. Uma formação exemplar, com vasta experiência técnica pode não ser suficiente em ambientes que envolvem grande pressão por resultados.

Por que a discussão sobre fit cultural se tornou necessária?

Ano após ano, temos percebido que a rotatividade de funcionários vem se tornando o pesadelo de muitos gestores. No nosso último Relatório de Tendências de RH, 27% das empresas indicaram o turnover como um dos principais temas a serem trabalhados em 2019.

A discussão é realmente urgente: no levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), em 2016, a taxa média de saída voluntária das organizações no Brasil foi de 24%.

Quando falamos de saída voluntária, estamos nos referindo àqueles desligamentos motivados por incompatibilidade do colaborador com os princípios da empresa.

Esse movimento também reforça a importância de trabalhar a marca empregadora para que as expectativas entre a promessa de valor ao colaborador e o ambiente interno da empresa sejam equivalentes — na medida do possível, obviamente.

Falar sobre fit cultural, portanto, é necessário porque o alinhamento de valores pode ser determinante para a manutenção dos colaboradores da sua empresa. Ainda assim, Isabella sugere que o processo deve ser visto de forma mais abrangente.

Como o fit cultural deve ser encarado pelos gestores?

Na procura pelo candidato perfeito, as organizações costumam empreender uma busca criteriosa pelo perfil que atende aos requisitos técnicos e comportamentais. Porém, quanto mais criterioso, mais lento pode se tornar o processo.

Em muitos casos, a urgência da vaga e os indicadores de recrutamento e seleção exigem velocidade, mas a consciência sobre os limites do candidato pode fazer toda a diferença.

“Ainda que seja essencial, não dá para colocar toda a responsabilidade sobre o fit cultural, pois ele é apenas uma etapa da jornada do funcionário”, afirma Isabella. Ela explica que a cultura de uma empresa é viva, não estática.

Por isso, o resultado sobre o alinhamento de valores é um recorte do momento tanto da organização quanto do candidato. Se eventualmente ocorrer um desencontro, não há necessidade de alarde. Isso pode ser natural, uma vez que empresas e pessoas estão em constante transformação.

Chegamos, então, à relevância de mapear a jornada do funcionário junto à empresa, do recrutamento ao desligamento. A Pin People divide essa trajetória em quatro fases:

  • Candidate Experience: fase de recrutamento e seleção;
  • Onboarding Experience: fase de integração do funcionário;
  • Journey Experience: fase de desenvolvimento do funcionário;
  • Offboarding Experience: fase de desligamento do funcionário.

Vamos supor que, na fase de offboarding, a maioria dos ex-funcionários indica que não recebeu os treinamentos técnicos necessários às suas atividades. Se houver consciência prévia sobre essa limitação (por questões de orçamento de RH, por exemplo), pode ser a hora de começar a trabalhar essa dificuldade durante a jornada.

As mudanças no formato de trabalho e relacionamento entre empresas e profissionais têm motivado uma autonomia maior dos talentos. Isso quer dizer que eles, enquanto se submetem a testes e entrevistas para uma vaga, estão também definindo se querem trabalhar naquela empresa.

Embora o fit cultural não seja o único fato determinante, a avaliação da cultura e das possibilidades de crescimento e desenvolvimento obedecem a uma via de mão dupla, em que empresa e profissionais se escolhem, levando em conta a afinidade de características e valores.  

Portanto, o fit cultural é um dos instrumentos de avaliação de candidatos e não o fator decisivo para a contratação. É importante incluí-lo no processo para ampliar as probabilidades de adaptação dos talentos, todos os aspectos defendidos na cultura da empresa — crença, comportamentos, atitudes.

Qual o papel da gestão de pessoas nesse processo?

O ideal é que, já na etapa de recrutamento e seleção, a aderência aos valores organizacionais receba a mesma atenção que a adequação às competências técnicas. Entretanto, como falamos anteriormente, é comum encontrarmos candidatos com ótimas habilidades, mas baixo fit cultural.

Ao compreender esse risco, a sua empresa pode preparar as lideranças e a equipe para receber este novo funcionário. Foi com este pensamento que a Pin People desenvolveu o Matching de Fit Cultural, uma solução de inteligência artificial baseada na gestão do conhecimento sobre os valores da empresa.

Ao cruzar os dados da organização e do profissional, o gestor da área recebe um relatório com os pontos fortes e fracos do candidato, oferecendo subsídios que mostram até que ponto vale a pena seguir com a contratação.

A solução contribui, inclusive, com a diversidade das contratações, já que o contraste de perfis comportamentais é saudável para o clima organizacional. Alocar um profissional talentoso, porém introspectivo, em uma área mais colaborativa, por exemplo, pode exigir um preparo da equipe e feedbacks regulares com esse novo candidato.

Tudo depende da sua disponibilidade em apostar nessa contratação. A adaptação do funcionário à empresa, neste caso, deixa de ser uma responsabilidade única da área de recrutamento e seleção e passa à gestão de pessoas.

Essa visão da jornada do funcionário é o que permite colocar na balança se o peso maior deve ser dado ao fit cultural, às competências técnicas ou aos dois elementos, igualmente.

O Employee Experience ainda é um tema recente e pouco explorado pelas pequenas e médias empresas brasileiras. No vídeo abaixo, nós ajudamos a elucidar um pouco o que significa oferecer uma boa experiência para o seu funcionário!

Quais os benefícios de avaliar o fit cultural?

Mesmo não sendo um método único e determinante de avaliação do perfil dos candidatos, é certo que o fit cultural oferece vantagens para a empresa ao ser incluído no processo seletivo como critério de avaliação.

Veja alguns desses benefícios!

Maior nível de precisão e efetividade nas contratações

Qual empresa não sonha em acertar nas contratações e formar um dream team? O fit cultural é um item a mais no escopo de avaliações de perfil no processo seletivo. 

Sendo assim, suas previsões podem contribuir para definição entre um ou outro candidato, levando em conta aquele que tem mais chances de se adaptar facilmente à cultura organizacional.

Grau elevado de motivação e produtividade

Um profissional que chega na empresa sintonizado com sua cultura traz consigo uma carga motivacional elevada, o que impacta positivamente sua produtividade. A conexão é instantânea e o tempo que ele levaria para se adaptar e se sentir pertencente é usado para gerar resultados mais imediatos.

Profissionais mais engajados

O engajamento é um reflexo de profissionais comprometidos com o que fazem, que trabalham não apenas pelo salário e benefícios no final do mês, mas pelo entusiasmo de verem os resultados dos seus esforços e a oportunidade de serem reconhecidos por isso.

Um colaborador quando sente que não precisa mudar de empresa para ser valorizado, tem um comportamento engajado, inspirando a todos os que estão a sua volta, a fazerem o mesmo — um processo cíclico e contagiante que potencializa um ambiente saudável, além do crescimento do negócio.  

Retenção de talentos

Quem se sente feliz e confortável em uma empresa não precisa de mudanças em curto prazo. Assim, podemos dizer que o fit cultural é uma prática visionária, que investe no processo de recrutamento e seleção do presente, contextualizando toda a jornada profissional em médio e longo prazo.

Como analisar o fit cultural no processo seletivo?

Para avaliar o fit cultural dos candidatos em um processo seletivo, é possível usar alguns métodos que possibilitam observar características e comportamento para comparar com o que, culturalmente, a empresa pratica.

Os testes específicos são essenciais e trazem resultados precisos sobre as habilidades pessoais e emocionais desejadas. Além disso, você pode também usar uma variação de instrumentos, em diferentes estágios do processo, para traçar um perfil mais completo.

Veja o que aplicar para auxiliar na análise do fit cultural dos candidatos a uma vaga na sua empresa!

Entrevista

Durante a entrevista é possível ao recrutador coletar uma série de informações, sobre comportamentos, percepções e atitudes, que podem ser de grande relevância para a conclusão do processo.

É essencial que a conversa seja transparente e objetiva, deixando o candidato à vontade para que ele se sinta confortável e seja sincero em suas respostas, demonstrando com maior clareza o que faria em possíveis situações enquanto colaborador e parte da equipe.

Simule ocorrências e peça ao profissional para descrever como agiria diante dos fatos, caso estivesse envolvido. Não interrompa e deixe que o relato seja finalizado, enquanto avalia se essa é uma postura que seria verdadeira ou apenas uma tentativa de impressionar na entrevista.

Questionário orientado

Os questionários são também uma forma eficiente de avaliar o fit cultural. Com perguntas e respostas objetivas e bem direcionadas é possível vislumbrar se os candidatos se enquadram ao perfil e cultura da empresa.

Comparando as respostas à simulação de ocorrências na entrevista, por exemplo, é possível desenhar um perfil comportamental e avaliar se há coerência e consistência a cada vez que o processo avança.

Dinâmica

As dinâmicas são cruciais para avaliar o comportamento dos profissionais em grupo, desde a troca de ideias, até o senso de colaboração e estilo de competitividade. No geral, as empresas precisam que os colaboradores atuem em grupo, para alcançar os resultados propostos.

Sendo assim, os profissionais devem oferecer mais do que habilidades e competências técnicas no trabalho coletivo. É preciso que eles saibam a hora de mostrar que foram uma aquisição acertada da empresa sem, contudo, tirar o brilho e as oportunidades dos colegas.

Um processo bem estruturado de recrutamento e seleção deve englobar os mais variados recursos de análise, que sirvam de comparação entre si, para chegar a um resultado mais apropriado ao cargo, função e atividades demandadas na empresa.

O fit cultural é, portanto, um alinhamento que reduz os riscos da contratação equivocada, enquanto fortalece a ideia de sucesso pessoal e corporativo, em busca da tão sonhada vantagem competitiva no mercado.

Se este post contribuiu para o enriquecimento dos processos seletivos da sua empresa, aproveite a visita para saber ainda se você está cuidando bem da sua marca com boas aplicações do employer branding.

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2 Comentários

  • Postado por: Cláudia Akemi Oshiro •

    Confiança se adquire com o tempo.

  • Postado por: João Marcelo Z. Centurion •

    Imprescindível a sintonia entre valores da corporação e do colaborador, se ambos andam juntos o caminho é certo.

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