A desigualdade de gênero ainda é um problema social relevante no Brasil e em todo o mundo. Essa questão também está presente no mundo corporativo e fica especialmente evidente ao considerar a situação da liderança feminina.
Embora as mulheres correspondam a cerca de metade da população mundial, ainda existem discrepâncias na representatividade no mercado de trabalho e em cargos mais altos. Porém, buscar superar os desafios pode ajudar as empresas a conseguir resultados diferenciados, por meio da diversidade.
Para entender melhor como isso acontece, veja qual é a situação da liderança feminina e como as companhias podem se beneficiar ao terem mais mulheres em cargos mais elevados!
Qual é o cenário atual da liderança feminina?
Para entender o cenário de liderança feminina, é importante considerar o panorama da ocupação dos cargos pelas mulheres.
No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação feminina na liderança caiu em 2019 — o que significa que a diferença pode se aprofundar, em uma avaliação pós-pandemia.
Com base na pesquisa do IBGE, as mulheres ocuparam 37,1% dos cargos de liderança, contra 39,1% no estudo anterior. Logo, a participação feminina nessas posições caiu pouco mais de 4% em um ano.
Mesmo entre as companhias reconhecidas por suas boas práticas, é possível notar uma discrepância. Segundo dados apresentados no Guia da Diversidade do Great Place to Work (GPTW), apenas 26% das posições de alta liderança das Melhores Empresas para Trabalhar™ de 2021 eram ocupadas por mulheres. Nos outros níveis de liderança, elas estavam em 44% das posições.
Há também um recorte de classe: de acordo com os dados do GPTW, há de 8 a 10 vezes mais mulheres brancas nas empresas do que mulheres pretas ou pardas.
Isso mostra que mesmo empresas preocupadas com a construção de um ambiente de trabalho inclusivo e diverso ainda encontram dificuldades para atingir a equidade de gênero, o que traz novas oportunidades para desenvolver e contratar mulheres para a liderança.
Quais são os principais desafios para as mulheres chegarem à liderança? Como enfrentá-los?
O fato de as mulheres corresponderem a menos de 40% nos cargos de liderança no Brasil e no mundo está atrelado a alguns obstáculos que surgem no desenvolvimento profissional. Para reverter a situação, é preciso não apenas conhecê-los, mas saber como driblar esses quadros.
Por isso, entenda quais são as principais barreiras entre mulheres e a liderança e saiba como contorná-las!
Vieses inconscientes
Uma das barreiras para mulheres no mercado de trabalho envolve os vieses inconscientes. A situação se destaca no caso dos cargos de liderança, tanto em processos seletivos quanto em promoções internas.
Para lidar com essa situação, é fundamental que as empresas tenham processos seletivos estruturados e inclusivos, e planos de carreira bem desenhados.
Assim, é possível que as vagas sejam ocupadas pelas pessoas mais aptas a cada função, evitando que mulheres sejam desconsideradas por questões parciais.
Sobrecarga
Outro obstáculo para mulheres alcançarem cargos de liderança envolve a sobrecarga que costuma existir para essa parte da população.
Frequentemente, há a chamada jornada tripla, que envolve a carreira, os cuidados com a casa e com a família. Isso leva à exaustão feminina, o que pode afetar até o interesse em assumir cargos de liderança.
A solução para esse problema envolve, na verdade, uma profunda transformação no aspecto social. Porém, as empresas também podem criar mecanismos de apoio profissional, como ao favorecer o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Maternidade
Segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), após 24 meses da licença-maternidade, quase metade das mulheres está fora do mercado de trabalho.
Na maior parte dos casos, isso ocorre por iniciativa da empresa, que realiza o desligamento após o período de afastamento.
Esse cenário afasta as mulheres da liderança, já que gera interrupções na progressão de carreira e dificulta a retomada para o mercado.
Para superar esse desafio, é essencial que as companhias desenvolvam programas para apoiar profissionais mulheres antes e também após a maternidade, garantindo a inserção e manutenção no mercado.
Quais os benefícios de investir na contratação e no desenvolvimento de mulheres na liderança?
Uma vez que o negócio supere os desafios para aumentar a participação feminina na liderança, é possível aproveitar diversas vantagens estratégicas e até financeiras. Na sequência, entenda por que vale a pena investir em contratar e desenvolver mulheres para a liderança.
Aumento da diversidade
Um dos benefícios de ter mulheres na liderança é a promoção da diversidade na empresa, em todos os níveis. Essa é uma forma de ter perspectivas e habilidades diferentes adicionadas à gestão, que se torna mais complementar e inclusiva.
A presença feminina em cargos mais elevados também pode ajudar a fomentar outras políticas afirmativas e de inclusão — como aquelas relacionadas à diversidade de raças, idades e capacidades físicas.
Principalmente, a presença das mulheres ajuda a aumentar a representatividade em todos os âmbitos da companhia. Isso pode estimular a colaboração, a busca por soluções diferentes e a integração entre profissionais e times.
Posicionamento e fortalecimento da marca
Outro impacto positivo da liderança feminina para empresas envolve a construção e a percepção de marca. Graças à ampliação da diversidade, é possível construir e consolidar uma imagem positiva perante o público.
Segundo uma pesquisa publicada no Journal of Consumer Research, as pessoas consumidoras veem como éticas as organizações diversas. Logo, isso pode impactar o julgamento sobre a marca e futuros resultados, como o posicionamento e a fidelização.
Além disso, é uma forma de se posicionar de maneira alinhada aos valores e à visão da marca. Com a atitude prática de ter mulheres na liderança, pode ocorrer aumento do reconhecimento de marca (brand awareness) e o fortalecimento da estratégia de branding.
Contribuição para a sociedade
Atuar para que mais mulheres estejam em cargos de liderança ajuda a companhia a aumentar seu nível de responsabilidade social corporativa — em inglês, corporate social responsibility (CSR). Isso acontece porque o negócio demonstra que adota medidas que efetivamente contribuem para a sociedade.
Afinal, ajudar na conquista de equidade de gênero nas posições mais altas estimula o desenvolvimento profissional feminino e auxilia a reduzir as desigualdades sociais.
Considerando que, segundo o IBGE, quase metade dos lares são sustentados por mulheres, essas medidas também podem ajudar na estruturação e no padrão de vida das famílias.
Vantagem competitiva
O aumento da liderança feminina também pode ajudar a tornar as empresas mais competitivas. Isso acontece, principalmente, devido ao impacto comercial que a diversidade pode gerar para os negócios.
De acordo com o estudo Consumers’ Brand Expectations Around Diversity & Inclusion in 2021, cerca de metade do público consumidor tem mais inclinação para consumir de marcas que adotem a diversidade.
Portanto, investir em políticas afirmativas e ampliar o número de líderes mulheres pode ajudar na geração de mais vendas e na fidelização de marca.
Há também um aumento na lucratividade, segundo a CNBC. As empresas que têm, ao menos, 30% de líderes mulheres conseguem aumentar mais de 1% na margem de lucro, em comparação às que têm menos líderes mulheres.
Além disso, existem negócios que aumentaram o número de executivas em 10% e obtiveram um retorno de quase 10% nos lucros.
Ainda, um estudo do Workplace demonstra um aumento de 21% nas chances de haver mais lucratividade quando a força de trabalho é diversa.
Ao final, tudo isso ajuda a empresa a ter resultados financeiros melhores, o que favorece a realização de investimentos e a conquista de destaque em relação aos competidores.
Como você acompanhou, a liderança feminina ainda encontra barreiras no mercado, o que gera uma desigualdade de gênero. Porém, com iniciativas de desenvolvimento, diversidade e inclusão, é possível reverter essa situação e aproveitar os benefícios associados.
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