Por: Great People

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6 novembro, 2023 • 1:49

Demissão humanizada é um processo utilizado em muitas empresas para amenizar as consequências de um rompimento

O processo de demissão é sempre um momento desafiador, principalmente para quem está sendo desligado. A demissão humanizada é pautada por algumas características que torna todo o trâmite em uma experiência do rompimento menos traumática.  

No livro “Inteligência Emocional – a teoria revolucionária que redefine o que é inteligente”, de Daniel Goleman, faz uma comparação da demissão a um divórcio. 

Muitos sentimentos de insegurança podem ser acionados por esse processo. A empresa, o profissional desligado e os colegas que ficam são afetados por este rompimento. Para amenizar os impactos, continue a leitura para aprender sobre a demissão humanizada.

Qual a diferença entre desligamento e demissão?

Em muitas empresas, os termos desligamento e demissão são utilizados como sinônimos. Embora ambos tenham efeito semelhante – rompimento de contrato de uma pessoa – há diferenças entre eles.

O desligamento é um tempo amplo, podendo referir-se a qualquer situação em que uma pessoa funcionária deixa de fazer parte da empresa.

Pode ser uma iniciativa do próprio funcionário, caracterizando o turnover voluntário.

Por outro lado, a demissão é um tipo específico de desligamento. Acontece quando a empresa opta por dispensar alguém por um motivo específico.

É possível que esse motivo envolva uma justa causa, quando a pessoa colaboradora por uma falta grave; ou sem justa causa, quando o encerramento acontece sem a pessoa ter cometido nenhuma infração.

O que é layoff e demissão em massa?

Em momentos mais críticos da pandemia do covid-19, essas duas modalidades de demissão tornaram-se comuns. Inclusive causando algumas dúvidas sobre suas diferenças.

Traduzindo de forma livre, a palavra layoff significa “suspensão temporária do contrato de trabalho” ou “afastamento temporário do emprego”.

Nesta prática, a empresa suspende o vínculo empregatício de uma ou mais pessoas, geralmente para fazer uma reestruturação organizacional. Porém, há um período para que essa suspensão se mantenha, após esse tempo, o contrato retorna a atividade.

A demissão em massa, por sua vez, é o rompimento do contrato de várias pessoas, simultaneamente. Neste caso, não há previsão do retorno desses funcionários na organização.

O que é demissão humanizada?

A demissão humanizada navega na corrente contrária do movimento de demissões massificadas. É uma estratégia que pensa na experiência do colaborador, sendo mais próxima, empática e cuidadosa.

O foco da demissão humanizada é reduzir os impactos negativos do processo de rompimento de contrato. Tanto para a empresa como para a pessoa que está sendo demitida.

O desligamento humanizado é muito mais do que encontrar uma melhor maneira de fazer a comunicação. É realmente uma estratégia elaborada para criar um ambiente menos negativo até o término do vínculo empregatício.

A prática também foca em diminuir o estresse que envolve as demissões. Por meio disso, o RH e a liderança criam ferramentas para ajudar as pessoas a se reposicionar no mercado.

Como surgiu a demissão humanizada?

A demissão humanizada surgiu na década de 60, nos Estados Unidos. Foi um período marcado por demissões em massa nas áreas da ciência e engenharia.

Na época, havia a prática de Outplacement – que significa “recolocação”, em tradução livre. Um conceito que chegou ao Brasil nos anos 80 e ganhou força no século XXI. Mesmo não sendo a mesma coisa que demissão humanizada, são conceitos complementares.

No outplacement, além da demissão ser de maneira mais empática e cuidadosa, a empresa ajuda a pessoa demitida a encontrar uma nova oportunidade no mercado de trabalho. 

Foi a partir deste conceito que veio a demissão humanizada. Muitos dos pilares do outplacement são usados na estratégia de desligamento humanizado no Brasil.

Quais os tipos de demissão?

Existem vários formatos de demissão e todos esses modelos podem ser humanizados. Ou seja, não é preciso optar por um único formato.

Para conseguir conectar a estratégia humanizada nos variados formatos de demissão, é preciso conhecê-los.

Demissão por justa causa

A demissão por justa causa acontece quando uma pessoa é dispensada por ter cometido uma falha considerada grave, conforme a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Conforme o art. 482 da CLT, os motivos que caracterizam uma falta grave para a justa causa na rescisão do contrato são:

  • ato de improbidade;
  • incontinência de conduta ou mau procedimento;
  • concorrência;
  • condenação criminal;
  • desídia no desempenho das respectivas funções;
  • embriaguez;
  • violação do segredo da empresa;
  • abandona de emprego;
  • ato lesivo;
  • ato lesivo contra empregador ou nível hierárquico;
  • ato de indisciplina ou de insubordinação;
  • prática constante de jogos de azar;
  • perda de habilitação ou requisitos;
  • atentados à segurança nacional.

Demissão sem justa causa

Quando uma pessoa é desligada sem uma falha grave detalhada pela CLT, acontece uma demissão sem justa causa.

Esse tipo de desligamento obriga a empresa a pagar as indenizações, honorários e penalidades legais, garantidos pelo artigo 477 da CLT.

Rescisão indireta

A rescisão indireta acontece mediante a uma falta grave por parte da empresa, a qual inviabiliza a continuação do contrato.

Neste modelo, a pessoa colaboradora recebe todos os direitos trabalhistas. É um processo semelhante à demissão sem justa causa.

Porém, as situações jurídicas entre a demissão sem justa causa e a rescisão indireta são bastante diferentes. 

Na rescisão, o empregador violou o direito do trabalhador e este deve recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho para encerrar o vínculo empregatício.

Nesta rescisão indireta, portanto, há a necessidade de envolvimento do poder judiciário para mediar a situação. Caso que não acontece na demissão sem justa causa.

Pedido de demissão

Essa modalidade de demissão acontece por iniciativa da pessoa colaboradora. 

Os motivos podem variar, é possível que o colaborador tenha recebido uma oferta de emprego mais atrativa, não esteja satisfeito com os benefícios da empresa ou até mesmo por conta do clima organizacional.

Nesse caso, basta a pessoa colaboradora demonstrar o desejo de desligar da empresa para iniciar o processo.

Os direitos garantidos nesse cenário são: o saldo de salário, o proporcional do décimo terceiro ao tempo que o profissional trabalhou e o vencido — se houver —, férias proporcionais e vencidas — além do acréscimo de 1/3 — e o aviso prévio indenizado.

Quais são os benefícios de contar com demissão humanizada na empresa?

A demissão humanizada é um processo empático. Ela proporciona vantagens para a empresa e para a pessoa desligada. Uma delas, por exemplo, é a menor impacto no clima organizacional, fortalecendo o sentimento de cooperação e solidariedade entre as pessoas.

A prática humanizada também é um reforço dos valores da empresa. Apontando que a organização se importa com as pessoas, colocando-as no centro, inclusive em questões delicadas.

Ter uma aproximação humana com a pessoa que será desligada também ajuda a criar um clima menos tenso. A demissão não é um momento fácil, torná-la mais compreensível evita criar sentimentos negativos nas pessoas.

Tudo isso impacta na construção de uma employee experience positiva. Mostrando que a empresa pensa em toda a jornada da pessoa colaboradora dentro da organização.

Esse pensamento impacta, inclusive, no processo de contratação de funcionários. Os novos talentos enxergam como positiva a inclusão de um processo humanizado em todas as etapas do relacionamento com a empresa.

Benefícios da demissão humanizada para as pessoas colaboradoras

Pensando nas pessoas colaboradoras, o processo de demissão impacta de várias maneiras. A insegurança financeira pode despertar diferentes sensações, como mágoa, frustração entre outras.

É importante pensarmos que uma demissão pode ser um gatilho para gerar ansiedade e depressão na pessoa demitida. 

Se a empresa coloca como um foco a saúde das pessoas no trabalho, é fundamental humanizar o processo de demissão.

Criar um processo que ameniza os sentimentos de insegurança e ansiedade da pessoa colaboradora, ajuda a tornar todo o ambiente mais saudável.

Como fazer uma entrevista de desligamento humanizado?

Ao compreender os benefícios e como surgiu o processo de demissão humanizada, chegou a hora de abordarmos as etapas de como implementá-la na sua empresa.

É importante ressaltar que adotar a prática da demissão humanizada na empresa não gera grandes custos, podendo ser uma estratégia prática e parte do cotidiano do RH e da liderança.

1. Planeje todas as etapas do processo

Tudo começa com um bom planejamento. É preciso elaborar todas as etapas antes de fazer a comunicação para a pessoa colaboradora. 

Tenha em mãos todos os documentos necessários, que são gerados pelo departamento pessoal ou contabilidade. Analise as verbas rescisórias e os descontos feitos, para que não aconteça nenhuma surpresa desagradável para a pessoa que será desligada.

Pense também em como será feita a comunicação: será a liderança a sozinha? Terá a participação da pessoa líder e de uma pessoa do RH? Apenas o RH assumirá essa responsabilidade? 

Cada situação altera a abordagem e os próximos passos do encaminhamento da demissão.

2. Aborde os motivos abertamente

Estabelecer uma cultura de feedback franco e sincero dentro da organização é fundamental para criar um ambiente seguro e de confiança.

No momento da demissão, essa prática é essencial. É essencial comunicar, de maneira clara e objetiva, quais foram as razões que levaram a empresa a desligar a pessoa do quadro de colaboradores.

Tenha honestidade, diga a principal razão pela demissão e relembre todo o processo que culminou nessa decisão — relembrando as avaliações de desempenho realizadas anteriormente.

A intenção não é criar um espaço de justificativa, mas uma conversa saudável para indicar pontos de melhoria para a pessoa colaboradora. 

3. Desenvolva o processo com empatia

Colocar-se no lugar da pessoa que está sendo desligada é fundamental para a humanização. 

Um dos maiores problemas neste momento é a empresa colocar-se como infalível ou superior da pessoa colaboradora. 

Essa postura é um gatilho para criar reações emotivas negativas na pessoa, portanto, é fundamental compreender que é uma situação sensível e delicada.

Há muitas questões que não são do conhecimento da empresa sobre a vida da pessoa colaboradora. Por isso, é fundamental não criar um discurso que desconsidere o íntimo da pessoa.

Dê alguns minutos para a pessoa digerir e compreender a situação, coloque-se à disposição para tornar o processo mais esclarecido, se necessário.

4. Reconheça os feitos da pessoa colaboradora

Mesmo sendo um momento de demissão, a pessoa colaboradora deixou sua história na empresa. Reconhecer os seus feitos na empresa é fundamental.

Reconhecer a pessoa gera um sentimento de gratificação. Afinal, sua história não fica resumida apenas ao momento da demissão.

5. Flexibilize os benefícios de saúde

Alguns benefícios podem ser prorrogados para depois da demissão. O plano de saúde e odontológico são exemplos de benefícios que a empresa pode manter para um período pós-desligamento.

Geralmente, esse período é de 30 dias ou mais. Com isso, a pessoa colaboradora pode encerrar um processo médico que tenha iniciado ou aproveitar para uma consulta necessária.

6. Escreva uma carta de recomendação

Outra alternativa de tornar o processo em algo mais humanizado é a partir da carta de recomendação.

Ela pode acontecer por meio de uma carta, de fato, ou por meio de uma indicação para outra empresa.

Dessa forma, a empresa demonstra que o processo de desligamento não reflete a percepção total da pessoa colaboradora. Acreditando que ela pode desempenhar a função em outra organização.

Características fundamentais da entrevista de desligamento humanizada

O processo de entrevista de desligamento também exige algumas posturas. É fundamental apostar em alguns comportamentos e evitar outros.

No passo a passo para uma demissão humanizada, é fundamental que tenha uma escuta ativa, que permita a pessoa colaboradora expressar seus sentimentos e impressões.

Também é fundamental evitar comentários que possam soar ofensivos, responsabilizando exclusivamente a pessoa colaboradora pela decisão da demissão.

Afinal, existem diferentes situações que podem acarretar em um desligamento.

A demissão humanizada é um processo que pode acarretar em vários benefícios para a empresa, principalmente para o clima organizacional e sua imagem. Por isso, aproveite para baixar o nosso manual exclusivo — em parceria com a Convenia — sobre “Entrevista de desligamento: passo a passo para uma demissão humanizada”.

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