Por: Daniela Diniz

Diretora de Conteúdo e Relações Institucionais

Por: Daniela Diniz

Diretora de Conteúdo e Relações Institucionais

3 outubro, 2018 • 12:07

por Daniela Diniz, de Syracuse, NY

Que tipo de líder é você? Líder inspirador, líder servidor, líder coach ou líder influencer? Certamente você já ouviu todas essas definições sobre o perfil de liderança que você deveria ter – ou que sua empresa – deveria propagar. E se fizer uma pesquisa rápida na internet vai encontrar textos e artigos sobre cada tipo de liderança acima – e sua contribuição para o negócio. O perfil que está na moda hoje é o líder influencer. No rastro da popularidade das redes sociais, em especial do LinkedIn, que mapeia e classifica seus porta-vozes influencers, as empresas rapidamente adotaram uma nova característica para seus líderes: influenciadores. Algumas delas têm até derrubado treinamentos de liderança, afinal influência não se aprende em sala de aula. Cuidado. Antes de sair por aí definindo novos atributos para seus gestores, questione: qual é mesmo o papel do líder? Essa é a pergunta mais importante a ser feita – e não o tipo de líder que você é.

Tirinha Dilbert - I'm sure you're dead1: Sua experiência em engenharia parece ótima, mas sua habilidade em mídias sociais é quase zero.
2: Você não tem amigos, não tem seguidores e nenhuma influência social sequer.
3: – Porque eu foco no meu trabalho. – Não, eu tenho certeza que você está morto!

Num mundo de influenciadores e influenciáveis é fácil nos encantarmos com discursos de autoajuda e rotular funções com base nas cartilhas da moda. E a área de recursos humanos historicamente gosta de “adotar tendências”, ou seja, “seguir alguns modismos”. Bastou a GE (General Electric) dizer que iria derrubar suas avaliações de desempenho que um pelotão de empresas começou a discursar contra o modelo clássico de avaliação. Esse é um só um exemplo do efeito manada que costumamos observar no mundo da gestão de pessoas. Não significa que alguns movimentos adotados por algumas companhias não devam ser seguidos. Benchmarks são saudáveis e fazem bem ao negócio. Mas é fundamental ter discernimento para saber como cada discurso ou prática vai interferir na cultura da sua empresa e se vale a pena adota-los ou não.

Isso vale também para a “moda” dos líderes influenciadores. Antes de se encantar com o discurso das redes, reflita sobre o que exatamente esse perfil significa. Para início de conversa, liderança significa uma coisa; influência outra. Elas podem caminhar juntas, mas não necessariamente. Líderes podem ser grandes influenciadores, mas nem todos os influenciadores são, na verdade, líderes de equipes. Eles podem estar atrás do balcão do café, na enfermaria da empresa, no refeitório e na diretoria. São figuras fundamentais na organização, responsáveis por transmitir seus valores. São aqueles profissionais lembrados pelas suas palavras e pensamentos e reconhecidos pela sua boa reputação na arena corporativa.

Mas o líder de equipe precisa muito mais do que apenas influência. O líder precisa dar a direção, dar feedbacks, dar explicações de “como e por quê” e limpar o caminho, pondo a mão na massa. Enfim, fazer o trabalho duro e isso certamente vai além de usar apenas discursos motivacionais e palavras de encorajamento.

Influenciadores normalmente inspiram pelas suas ideias. Grandes líderes deixam seu rastro no desenvolvimento de suas equipes. O grande líder ainda é aquele que – mais do que palanque ou redes sociais – vai agir diretamente na construção de grandes times.  Ele pode ser alguém que vai inspirar pelas ideias e valores? Claro! E será incrível se você tiver as duas características numa pessoa só. Mas apenas o discurso motivacional e inspirador não irá torna-lo um grande líder. Já a sua capacidade de desenvolver times vencedores e fortes sucessores sim.

Pode acontecer também de você ter excelentes líderes que abrem e mostram caminho, desenvolvem times, entregam resultados e constroem bons ambientes de trabalho – sem necessariamente serem grandes influenciadores de pessoas. Estamos falando de perfis mais introspectivos, que podem até exercer certa influência num grupo pequeno, mas sem o alarde que as organizações estão buscando neste momento.

Existe ainda um outro risco de você confundir influência com liderança. Dependendo de como você rotular seus líderes – e da forma como ele vai receber seu chapéu de influencer – ele pode estar mais preocupado com os likes que vai receber do que de fato em desenvolver sua equipe. O papel do líder, como muito bem define Jack Welch no vídeo abaixo, é dar sentido ao trabalho das pessoas, mostrar o que elas vão ganhar ao estarem juntas naquele barco e limpar os obstáculos e a burocracia que existe em qualquer lugar para que essas pessoas progridam. E isso se faz muito além das palavras. Se faz por meio de ação.

O líder é responsável pela vida das pessoas que trabalham com ele (e indiretamente pela vida das famílias dessas pessoas). A maior contribuição que ele pode dar, portanto, não é um discurso inspirador ou palavras que brilhem os olhos do seu time, mas ferramentas e horizonte para que esse time progrida – dentro ou fora da organização. Afinal, queremos mais do que seguidores em nossas empresas. Queremos profissionais capazes de superarem seus líderes para que com mangas arregaçadas, construam uma sociedade melhor.

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1 comentário

  • Postado por: fabio reis •

    a maioria dos influencers de hj so criam zumbis e panelas.

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