Por: Ed Frauenheim

Diretor sênior de conteúdo no Great Place to Work nos Estados Unidos

Por: Ed Frauenheim

Diretor sênior de conteúdo no Great Place to Work nos Estados Unidos

2 outubro, 2019 • 10:26

Reviravoltas políticas e econômicas na América Latina. Pressão para trabalhar 70 horas por semana na Ásia. Preocupações com direitos e responsabilidades na Europa. Reestruturações frequentes nas corporações nos Estados Unidos e Canadá. E um ritmo mais acelerado do que nunca nos negócios – afetando virtualmente todas as indústrias em todos os cantos do globo.

Diante desse cenário, colaboradores no mundo inteiro querem a mesma coisa de um lugar de trabalho: confiança. Eles definem um ótimo lugar para se trabalhar como um no qual os líderes demonstram credibilidade, respeito e justiça. Ao mesmo tempo, há algumas diferenças entre as regiões a respeito do que torna um lugar ótimo para se trabalhar.

Foi o que o Great Place to Work, especializado em pesquisa e análise de dados, descobriu depois de uma pesquisa com 3,4 milhões de colaboradores em 90 países – nosso maior estudo de cultura do ambiente de trabalho até agora. Nossa pesquisa mostra que um senso de comunidade é vital nos Estados Unidos e no Canadá, que a segurança psicológica é crucial na América Latina, que a justiça é prioridade na Europa e que a sustentabilidade no trabalho e na vida é central na Ásia.

Essas descobertas reforçam a missão do Great Place to Work de examinar a experiência dos colaboradores e reconhecer as Melhores Empresas para Trabalhar no mundo todo por mais de 30 anos. Partindo de uma perspectiva histórica, há boas e má notícias para colaboradores no mundo todo e para as organizações.

Primeiro, as boas notícias. Nas Melhores Empresas para Trabalhar, os colaboradores estão prosperando. Cerca de 9 a cada 10 pessoas nessas empresas estão tendo uma ótima experiência. E essas organizações colhem os benefícios disso em seus negócios sob a forma de mais lealdade e retenção, níveis maiores de produtividade e mais espírito de cooperação.

As boas notícias são ainda mais expressivas nas Melhores Empresas para Trabalhar no mundo, em 2019, lista que o Great Place To Work acaba de divulgar em parceria com a revista Fortune (EUA). Essas 25 organizações globais, lideradas pela primeira colocada, Cisco Systems, não apenas estão promovendo uma ótima cultura de trabalho para 300.000 pessoas, mas, como grupo, estão cada vez melhores. A nota das avaliações dos colaboradores das Melhores do Mundo cresceu 5% desde o primeiro ranking produzido pela Great Place to Work, nove anos atrás.

Agora, as más notícias. Cerca de metade dos colaboradores a nível mundial não tem uma ótima experiência no local de trabalho. O resultado é infelicidade, desempenho mais baixo nos negócios e o desperdício de potencial humano em uma escala planetária.

Mas há esperança. Você a encontra nas Melhores Empresas do Mundo de 2019, assim como nas Melhores Empresas reconhecidas pelo Great Place to Work em mais de 60 países. Tendo essas empresas como referência, com base em nossa análise de dados, há ainda mais boas notícias: todas as organizações, em todas as regiões, podem avançar de maneiras que são melhores para resultados de negócio, melhores para as pessoas trabalhando nelas e melhores para o mundo.

Para mais desses achados, leia o artigo Defining the World’s Best Workplaces (Definindo as  Melhores Empresas do Mundo).

 

Destaques de Três Empresas Globalmente Ótimas

A gigante da tecnologia Cisco Systems, mais do que qualquer outra companhia no mundo hoje, mostra como uma cultura de alta confiança é melhor em todos os sentidos. Observe como a empresa uniu suas pessoas em torno de um senso de serviço à comunidade nos últimos anos, sob a liderança do CEO Chuck Robbins.

Robbins tomou as rédeas desta companhia de 75.000 colaboradores quatro anos atrás. Há cerca de dois anos, ele teve um sonho vívido e perturbador. Nele, Robbins visitava um acampamento de sem-teto e, enquanto estava lá, ele via os rostos de seu pastor e de seu pai. Quando acordou, Robbins sabia que tinha que tomar uma atitude em relação à falta de moradia que assola San Jose, na Califórnia – cidade no Vale do Silicone que a Cisco chama de lar.

“No dia seguinte, liguei para o prefeito”, ele recorda. “Eu disse, ‘Quero me envolver na solução deste problema’”.

O que se deu, desde então, é uma onda de responsabilidade social na Cisco. Para começar, a companhia realizou uma doação de 5 anos de 50 milhões de dólares para a Destination: Home, um grupo sem fins lucrativos dedicado a acabar com a falta de moradia na região de San Jose. O comprometimento de Robbins em retribuir à sociedade se provou contagioso. Ou, como ele diz, a sua visibilidade em relação ao tema dos sem-teto simplesmente levou “cisconianos” do mundo todo a compartilhar o que já estavam fazendo para servir suas comunidades – e a aumentar seus esforços.

O trabalho para o bem vai desde colaboradores da Cisco na Itália se voluntariando para ensinar sobre redes de dados para prisioneiros, a um colaborador na África do Sul que abriu um orfanato em Ruanda, até um colaborador indiano que fornece alimentos a vítimas de inundações no país. Próximo à sede da empresa, na Califórnia, uma funcionária da Cisco começou uma organização para ajudar vítimas de tráfico sexual em Oakland. Ela, desde então, deixou a companhia para fundar sua própria ONG – mas a Cisco continua a apoiá-la com doações.

“Existe esse desejo imenso de retribuir”, diz Robbins. “Nós apenas fizemos com que isso fosse OK. As pessoas abraçaram a ideia. Isso me impressionou”.

Robbins e Cisco são parte de uma tendência global de promover a responsabilidade social como uma prioridade de negócio. Robbins é membro do U.S. Business Roundtable, um grupo de CEOs que declararou recentemente “um compromisso fundamental com todos nossos stakeholders” – não apenas shareholders.

 

Entregando com coração

A DHL Express, número 4 na lista das Melhores Empresas para Trabalhar no mundo, também fez da filantropia algo central para sua cultura global. A companhia de entrega de pacotes, que talvez seja a empresa mais internacional, com operações em 220 países e territórios, tem um programa chamado “DHL’s Got Heart” (A DHL tem Coração)A iniciativa reconhece os colaboradores por seus trabalhos de caridade fora de seus empregos, com cerimônias em nível nacional e regional. A líder global de RH da DHL, Regine Buettner, diz que o programa se alinha perfeitamente com o propósito geral da companhia, “Conectando Pessoas e Melhorando Vidas”, e com a forma como colaboradores e clientes hoje querem fazer negócios, com organizações movidas por uma missão.

Alguns dos momentos de mais orgulho para Buettner foram nos eventos de premiação para os vencedores do DHL’s Got Heart, que recebem cerca de 27.000 dólares para apoiar sua filantropia favorita. “A expressão em seus rostos não tem preço”, ela diz. “Eu consigo ver as mentes deles já trabalhando para entender o que podem fazer com esse dinheiro, quantas famílias essa soma irá alimentar ou quantas crianças vão poder ir à escola.”

O segredo da DHL para uma cultura global não é apenas filantropia. É também uma estratégia de negócios propositalmente simples, apoiada por líderes bem preparados, diz o CEO, John Pearson. Essa fórmula permitiu que a organização se recuperasse de perdas em 2010 para, hoje, ter os lucros que vem obtendo. Em 2018, a DHL Express relatou um ganho, antes de taxas e juros, de quase 2,36 bilhões de dólares.

“Nós acreditamos fortemente na simplicidade – o principal é o principal, como gostamos de dizer”, diz Pearson. “Acreditamos que pessoas motivadas levam a uma excelente qualidade de serviço, o que, por sua vez, cria clientes leais e uma rede lucrativa”.

 

O Futuro do Trabalho

As Melhores Empresas para Trabalhar no mundo também estão liderando o caminho para o futuro do trabalho. Muitas estão praticando a Inovação por Todos, uma abordagem para gerar novos produtos, serviços e processos que envolve aproveitar as paixões e inteligência de todas as pessoas na organização, não importa quem sejam ou o que façam para a companhia. De forma geral, isso significa encorajar o desenvolvimento profissional em toda a organização, em vez de focar em um número limitado de profissionais de “alto potencial”.

É possível ver esse compromisso de uma companhia para o crescimento individual de forma generalizada na Natura, companhia de cosméticos baseada no Brasil, número 22 no ranking das Melhores Empresas do Mundo deste ano. A empresa mãe da Natura, Natura & Co, também é dona de marcas de cuidado pessoal como The Body Shop e Aesop, e está prestes a adquirir a icônica companhia de cosméticos Avon. Três anos atrás, a Natura estava vendo seu desempenho financeiro escorregar. A resposta da empresa foi dobrar o poder de suas pessoas – em torno de 6400 colaboradores em 9 países.

A Natura descartou a avaliação de desempenho tradicional e anual para colaboradores, que incluía bônus de desempenho individual. No seu lugar, os gerentes agora têm “diálogos de desenvolvimento”, que ocorrem no mínimo a cada três meses, diz Flavio Pesiguelo, VP de pessoas e cultura na Natura. E, para alinhar todo o time no desempenho da companhia, todos os colaboradores agora têm bônus ligados ao desempenho nacional e global da companhia, entre outros fatores.

Pesiguelo diz que a iniciativa teve retorno sob a forma de receitas maiores, assim como em níveis melhores de engajamento dos colaboradores e de recrutamento interno, e menos rotatividade.

A Natura também está redesenhando a estrutura do trabalho. Há um ano e meio, ela experimentou com uma abordagem nova e ágil para desenvolver produtos para uma de suas principais marcas de cosméticos, “Todo Dia”. Isso significou criar um time multidisciplinar, com colaboradores de diferentes níveis, dando ao grupo a autoridade para tomar decisões baseadas em interações com consumidores. O resultado? Tempo reduzido para colocar lançamentos no mercado, assim como colaboradores energizados, diz Pesiguelo.

Com base nesses sucessos, a Natura está seguindo com esse modo descentralizado de trabalho em toda a companhia.

“É uma estrutura menos hierárquica e com mais autonomia”, diz Pesiguelo sobre essa nova abordagem. “Nós começamos uma espécie de revolução”.

 

Desenvolvendo uma das Melhores Empresas globalmente

Imagine o quão revolucionário seria se todas as empresas do mundo fossem tão boas quanto Natura, DHL e Cisco. Infelizmente, centenas de milhares de pessoas através do mundo vão, todos os dias, trabalhar em organizações que não são tão boas assim. Nesses locais de baixa confiança, o potencial humano está sendo desperdiçado. E os resultados de negócio demoram a vir.

Mas as Melhores Empresas estão mostrando um jeito melhor. E nossa pesquisa mostra o que mais importa em todas as regiões: comunidade, segurança, justiça ou sustentabilidade.

Tomando as Melhores Empresas como modelo e através de estratégias baseadas em dados, um futuro melhor está à vista. As empresas que tomarem o tempo para entender a experiência dos colaboradores e agir sobre aquilo que mais importa podem evoluir de formas que são melhores para os negócios, melhores para as pessoas e melhores para o mundo.

 

Sobre o Ranking

O ranking deste ano das 25 Melhores Empresas para Trabalhar no Mundo foi publicado pela líder global e autoridade em ambiente de trabalho, Great Place To Work®, em parceria com a revista Fortune.

Pela primeira vez, a gigante de tecnologia Cisco lidera a lista, substituindo a Salesforce, que vai para a terceira posição, com a gigante global em hotelaria Hilton ocupando o segundo lugar.

Michael C. Bush, o CEO do Great Place to Work Inc., celebrou as vencedoras da lista deste ano. “Parabéns às Melhores Empresas para Trabalhar no mundo”, disse Bush. “É um grande desafio construir uma cultura de alta confiança que seja ótima para os colaboradores em muitos países do mundo. Essas organizações têm líderes ousados, que se ergueram à altura do desafio – eles são a vanguarda mostrando a milhões de organizações no mundo todo que é possível e desejável criar um ótimo lugar para trabalhar para todos”.

Para se qualificar para serem consideradas no ranking deste ano, as companhias devem ter aparecido ao menos em 5 listas nacionais de Melhores Empresas para Trabalhar, que são publicadas com parceiros de mídia em 50 países e territórios; e devem também empregar mais que 5.000 colaboradores globalmente. Mais de 8.000 organizações participaram da pesquisa, representando mais de 12 milhões de funcionários no mundo todo.

As 25 companhias são:

  1. Cisco
  2. Hilton
  3. Salesforce
  4. DHL Express
  5. Mars Inc.
  6. SAP SE
  7. EY
  8. Stryker Corporation
  9. SAS
  10. Workday
  11. The Adecco Group
  12. Roche
  13. Mercado Libre
  14. American Express
  15. Adobe
  16. AbbVie
  17. Intuit, Inc
  18. Admiral Group plc
  19. Belcorp
  20. Scotiabank
  21. Atento
  22. Natura
  23. McDonald´s
  24. Santander
  25. AT&T/VRIO

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