
Uma boa forma de aproveitar as habilidades e competências dos profissionais de dentro da empresa é implementar o job rotation. Uma estratégia aliada dos gestores na capacitação e desenvolvimento dos talentos.
De aplicação simples e eficaz, com a ajuda do RH é possível mapear, identificar e direcionar os perfis certos, para cargos e funções onde possuem mais afinidade. Ao “rodar” internamente, cada vez mais o colaborador aprimora seu conhecimento.
O objetivo deste post é apresentar o conceito do job rotation e seu funcionamento dentro da empresa. Continue lendo para conhecer os prós e contras de usar essa estratégia e saiba como colocá-la em prática!
O que é e como funciona o job rotation?
Na tradução livre job rotation quer dizer rodízio de trabalho, o que fundamenta a estratégia de capacitar um mesmo colaborador em diversos setores, áreas e funções da empresa. A ideia é desenvolver de forma mais ampla as habilidades e competências dos talentos.
Dessa forma, os colaboradores se tornam profissionais mais completos, aptos a ocupar determinados cargos, agregando valor ao negócio, enquanto desenvolvem seu plano de carreira — uma maneira de valorizar a força de trabalho alinhando necessidades e objetivos.
Com o passar do tempo, a organização contará com profissionais mais generalistas sem, contudo, deixar de cumprir suas atividades de especialistas. Ao passar por diversos setores, os profissionais têm uma visão abrangente e profunda do negócio.
A passagem predefinida nos departamentos deve ser planejada para que os participantes tenham condições de aprender coisas novas ou aprimorar o que já conhecem e assim melhorar ainda mais o desempenho no dia a dia.
O job rotation é, portanto, uma espécie de treinamento contínuo, com direcionamento e objetivos mais específicos. O propósito vai além da capacitação naquilo que os colaboradores já sabem fazer, visto que são colocados em novas funções e atividades.
O profissional que atua no financeiro, por exemplo, pode migrar para a área de compras para entender melhor como funciona o uso dos recursos orçamentários. Nesse processo, pode ser que se descubra alguém com mais talento para a aquisição de insumos ou matéria-prima.
Enquanto os talentos giram, é possível avaliar as habilidades individuais e identificar tanto a eficiência conforme a atividade desempenha, quanto onde demonstram maior engajamento, motivação e produtividade.
Muitas vezes, o baixo rendimento pode estar diretamente ligado à falta de aptidão e estímulo para um determinado cargo. Nem sempre um profissional com excelência técnica está preparado para a liderança e não consegue manter o ritmo de trabalho ou alcançar bons resultados.
Por outro lado, um gestor precisa conhecer algumas especificidades técnicas para saber delegar e acompanhar a performance do time. O job rotation é um programa temporário, que permite a troca de informações e uma espécie de benchmark funcional.
Quais são os modelos de job rotation?
Horizontal
O modelo horizontal de job rotation envolve a movimentação das pessoas colaboradoras entre funções ou departamentos no mesmo nível hierárquico.
O objetivo é proporcionar uma visão mais completa das operações da empresa, permitindo que os colaboradores adquiram novas habilidades e experiências sem mudar sua posição ou responsabilidades hierárquicas.
Vertical
No modelo vertical, as pessoas colaboradoras são movidas entre funções que envolvem diferentes níveis hierárquicos, ou seja, entre cargos de diferentes responsabilidades.
Esse modelo visa preparar os colaboradores para cargos de liderança ou funções com maior responsabilidade, ajudando-os a desenvolver habilidades de gestão e tomada de decisão.
O job rotation vertical pode ser um caminho importante para a criação de um pipeline de liderança na empresa, incentivando o crescimento profissional e a retenção de talentos.
Lateral
No modelo lateral, a pessoa colaboradora muda para outras funções com responsabilidades semelhantes, mas em áreas ou departamentos diferentes.
Embora o nível hierárquico se mantenha, a experiência adquirida em outras áreas amplia o conjunto de habilidades da pessoa colaboradora.
Esse modelo é ideal para quem já possui expertise em uma função específica, mas deseja ampliar sua visão sobre o funcionamento da organização, sem perder o foco em sua área de atuação.
Cíclica
O modelo cíclico de job rotation é baseado na movimentação da pessoa colaboradora entre funções de forma periódica. Esse ciclo constante de rotação permite que ela adquira diversas habilidades e se adapte rapidamente a novos desafios.
Esse modelo também contribui para a flexibilidade organizacional e mantém as pessoas colaboradoras motivadas, proporcionando sempre novos aprendizados e experiências.
Quais as vantagens do job rotation?
O job rotation apresenta uma nova perspectiva sobre as oportunidades dentro da empresa, portanto, traz benefícios para todos os envolvidos. De um lado a organização que almeja ter equipes de alta performance, de outro, os colaboradores que visualizam possibilidades de aprendizado e reconhecimento.
Com isso, em muitos casos, o tempo do RH destinado à realização de processos de recrutamento e seleção para buscar talentos fora, será mais bem empregado no aprimoramento interno.
São muitos os pontos positivos percebidos a partir da aplicação do job rotation. Listamos algumas vantagens, confira!
1. Melhora do engajamento dos funcionários
O job rotation promove uma mudança na atmosfera do ambiente de trabalho, aumentando as chances de engajamento dos colaboradores. Aquele funcionário desanimado e sem perspectiva pode voltar a sonhar com um cargo que há tempos deseja.
A estratégia desperta maior interesse em participar dos projetos e assuntos da empresa, além de resgatar o senso de pertencimento. Quando anunciada a aplicação, logo uma curiosidade positiva pode tomar conta do ambiente.
Isso faz com que os times se envolvam e se integrem para entender melhor a proposta do job rotation e identificar onde se encaixam. A comunicação melhora, assim como a produtividade e a qualidade das entregas, ideais imprescindíveis para toda empresa.
2. Forma profissionais mais completos
Muitos talentos podem estar escondidos na empresa, seja por falta de oportunidade ou dificuldade de demonstrar as habilidades. Com o job rotation, é possível não só descobrir grandes perfis, como torná-los profissionais mais completos.
Ter os profissionais certos, ocupando as posições certas aumentam as chances de excelência nos resultados. De modo estratégico, a organização pode usar o talento da força de trabalho como trunfo para enfrentar a competitividade do mercado e ter vantagem.
Quanto mais confiantes em suas habilidades, mais segurança os colaboradores passam para suas lideranças. Para os gestores, a confiança de ter times que dão conta dos desafios, ajuda na análise do cenário e na tomada de decisões.
3. Melhor formação de colaboradores
O job rotation é uma ferramenta de gestão e como tal serve de instrumento para a formação dos profissionais da empresa. Ao estimular o aprendizado, os colaboradores passam a enxergar potencialidades em si mesmos e buscar conhecimento.
As atividades que compõem os treinamentos são mais personalizadas, com propósitos bem definidos, contribuindo para a formação individual e também coletiva. São trabalhadas as soft skills e hard skills de forma contundente, agregando valor ao perfil de cada indivíduo, enquanto o RH, junto à gestão avalia o aproveitamento.
4. Motiva a busca por cargos de liderança
Há pessoas com liderança nata e há aquelas que, com um tempo de treinamento, adquirem habilidades necessárias aos cargos de gestão. Para essas, o job rotation é a oportunidade de experimentar um processo de adaptação antes de migrarem de vez para a posição.
O fato é que, com esse tipo de estratégia, os profissionais da empresa se sentem mais encorajados a ocupar um cargo de liderança. Eles sabem que se não der certo, podem voltar à posição anterior, mas não menos importante ou desafiadora.
5. Retira o colaborador da rotina
O job rotation é uma excelente maneira de tirar a pessoa colaboradora de sua rotina diária. A prática de rotação permite que a pessoa tenha novas experiências em funções diferentes, desafiando-a a aprender habilidades e enfrentar tarefas que normalmente não seriam parte do seu trabalho.
Isso evita a monotonia e o desgaste, comuns em funções repetitivas. A cada nova mudança de função, a pessoa colaboradora é incentivada a pensar de maneira diferente e a se adaptar a novos contextos, o que contribui para o seu crescimento profissional e para a inovação na empresa.
6. Oferece perspectivas de crescimento
Ao ser exposta a diferentes funções e áreas da organização, a pessoa trabalhadora tem a oportunidade de aprender sobre outras partes do negócio e, assim, desenvolver um conjunto de habilidades.
Esse processo ajuda a pessoa a se preparar para novas oportunidades de carreira dentro da própria empresa, aumentando suas chances de promoção ou transição para cargos com maior responsabilidade.
O job rotation também contribui para o desenvolvimento de uma visão mais estratégica sobre o funcionamento da organização, o que é fundamental para quem almeja cargos de liderança.
7. Reduz a taxa de turnover
Quando as pessoas colaboradoras se sentem estagnadas em suas funções, a insatisfação tende a aumentar, o que pode levar ao turnover.
A rotatividade de funções ajuda a manter as pessoas motivadas e engajadas, já que elas percebem que há espaço para crescimento e desenvolvimento na organização.
O job rotation permite que a pessoa colaboradora explore diferentes áreas sem sair da empresa, o que contribui para uma maior lealdade à organização. Dessa forma, a empresa reduz o risco de perder bons profissionais para a concorrência, promovendo a continuidade e a estabilidade de sua equipe.
8. Renova a motivação
Ao ser movida para uma nova função, a pessoa colaboradora tem a chance de renovar seu interesse pelo trabalho e se engajar de maneira mais efetiva nas tarefas diárias.
A mudança de função traz um novo impulso, fazendo com que a pessoa encare o trabalho com mais entusiasmo e comprometimento, além de oferecer a oportunidade de enfrentar novos desafios, aprender novas tecnologias ou desenvolver habilidades que antes não estavam em seu radar.
A motivação renovada reflete diretamente na produtividade, na qualidade do trabalho e no comportamento proativo na empresa. Esse ciclo de estímulo contínuo contribui para manter o clima organizacional positivo e engajado.
Quais os pontos negativos do job rotation?
Por mais que o job rotation se mostre uma estratégia de valor e eficiência, existem pontos negativos que não podem ser negligenciados. É preciso identificar as desvantagens para encontrar um equilíbrio e recuar quando for preciso.
Veja alguns aspectos desfavoráveis!
1. Dificuldade de adaptação
Os gestores, o RH e as lideranças, podem até enxergar potencial em talentos da empresa, mas, será que eles estão preparados para participar do rodízio? Essa é uma pergunta que deve ser feita antes mesmo de colocar o job rotation em prática.
É preciso avaliar a capacidade de adaptação dos profissionais nos novos cargos e funções para os quais serão designados. Mesmo que o período de treinamento seja pré-definido, a dificuldade de se adequar pode impactar no fluxo de trabalho e comprometer a eficiência do negócio.
2. Ciclos incompletos
Se um ou mais colaboradores não conseguirem se adaptar, o job rotation não terá o efeito desejado. Com isso, pode ser necessário rever e realocar os colaboradores em seus cargos e funções antigas.
Há um retrocesso e retrabalho que podem prejudicar o bom andamento dos processos, além de abalar a autoconfiança dos profissionais. Nesse contexto, o colaborador tende a se sentir inseguro e insatisfeito, o que pode refletir nas atividades e resultados.
3. Colaboradores insatisfeitos
Para alguns profissionais, a rotatividade constante pode gerar insatisfação, especialmente se as novas funções não forem do seu interesse ou se exigirem habilidades que ainda não dominam completamente.
Esse sentimento pode afetar negativamente a motivação e o desempenho, gerando frustração.
Se a mudança não for feita de forma cuidadosa e bem planejada, com o acompanhamento adequado, a pessoa colaboradora pode sentir que suas expectativas não foram atendidas, o que pode gerar resistência à mudança e até levar à rotatividade de pessoal.
4. Custo monetário
A movimentação frequente de pessoas colaboradoras exige um investimento considerável em treinamentos e adaptações. Cada nova função requer o desenvolvimento de habilidades específicas, o que pode aumentar os gastos com capacitação e tempo de aprendizado.
O processo de integração e adaptação pode ser demorado e, em alguns casos, impactar temporariamente o desempenho das equipes.
Esses custos podem ser um desafio para organizações com orçamentos mais restritos ou para aquelas que precisam fazer ajustes frequentes em suas estratégias de recursos.
Como colocar o job rotation em prática?
Após entender melhor a estratégia, seu funcionamento e benefícios é hora de saber como implementar o job rotation. Veja os passos para colocar em prática na sua organização!
Analise o cenário
Para iniciar o processo de job rotation, é preciso realizar uma análise do cenário da empresa para compreender as necessidades de cada área e identificar os objetivos da organização, verificando como a rotação de funções pode contribuir para alcançá-los.
Também é necessário avaliar os recursos disponíveis, como orçamento e capacidade de treinamento, para garantir a viabilidade do processo.
Esse diagnóstico inicial alinhará o job rotation com as estratégias de desenvolvimento e engajamento da empresa.
Elabore um plano ideal que funcione para a empresa
Em seguida, é necessário planejar bem um job rotation que seja funcional e efetivo na sua empresa. É a oportunidade de todos os colaboradores se mostrarem disponíveis para aprender coisas novas ou desenvolver habilidades já existentes.
É preciso identificar os participantes entre colaboradores, trainees e até mesmo estagiários, de setores, cargos e funções variadas. Por isso, antes de iniciar o rodízio, mapeie os prós e contras de todas as etapas, de forma detalhada, para evitar problemas no meio do caminho.
Identifique as dificuldades
Quais são os possíveis gargalos de uma ação estratégica como o job rotation? Identifique, por exemplo, se haverá dificuldade de adaptação ou se um departamento está preparado para liberar e receber colaboradores no sistema de rodízio.
Saiba quais são as necessidades
Não realize o job rotation aleatoriamente, mas de acordo com as necessidades da empresa, dos setores e dos colaboradores. É muito importante aplicar em áreas, cargos e funções que façam sentido para o negócio como um todo.
Conheça os objetivos de cada setor
Cada setor tem um ritmo, características e objetivos diferentes dentro do próprio negócio. Por isso, a aplicação da metodologia precisa considerar esses aspectos, definindo, inclusive, quem deve participar e quais habilidades serão desenvolvidas, conforme os resultados almejados.
Avalie as competências de cada colaborador
Para que o job rotation seja bem-sucedido, avalie as habilidades atuais, áreas de expertise e preferências individuais das pessoas colaboradoras.
Com base nessa avaliação, é possível identificar funções adequadas e garantir que as novas funções ofereçam oportunidades de desenvolvimento de novas habilidades.
Essa análise, além de promover o crescimento da pessoa colaboradora, maximiza os benefícios do job rotation, assegurando que a transição entre funções seja produtiva e alinhada com as metas da organização.
Defina um responsável
A implementação do job rotation não deve ser uma tarefa isolada; é importante ter um responsável pela gestão do processo. Essa pessoa planejará as rotinas de rotação, garantirá que as mudanças de função sejam bem comunicadas e acompanhará o progresso das pessoas colaboradoras.
Ter um responsável mantém a organização do processo, garantindo transições estruturadas e sem surpresas.
Esse responsável deve fornecer suporte contínuo às pessoas colaboradoras durante o período de adaptação às novas funções, assegurando treinamento adequado e acesso aos recursos necessários para o desenvolvimento.
Receba feedbacks
O feedback contínuo é essencial em qualquer processo de desenvolvimento, inclusive no job rotation. Durante o processo, é importante incentivar as pessoas colaboradoras a compartilharem suas experiências, desafios e sugestões sobre a rotação de funções.
Esse feedback permite entender o que funciona bem e o que pode ser melhorado, como áreas que necessitam de mais apoio ou treinamento. Assim, é possível garantir que o job rotation traga benefícios a longo prazo para a empresa e os colaboradores.
Como você viu, o job rotation é uma prática simples que pode funcionar tanto para pequenas, médias quanto para grandes empresas. Tudo depende de como será planejado, estruturado e aplicado.
Se você gostou desse post, que tal aproveitar a visita para entender mais sobre o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI)?
Em resumo
Qual é o conceito de job rotation?
O job rotation é uma prática em que as pessoas colaboradoras são rotacionadas entre diferentes funções ou departamentos para promover aprendizado, desenvolver novas habilidades e aumentar a motivação.